REENCONTRO...

A distância é o degrau mais próximo da saudade

Do pensamento nostálgico

Do sonho desenquadrado

É o fenómeno que conta os dias sem precisar de calendário

O barómetro que conta os passos de olhos vendados

A espera, a aproximação, a partida e a chegada

O reencontro !...

Toda a fadiga se esvai ao primeiro abraço

E outro, e tantos, alguns mesmo arrebatadores

E vai acima, e vai abaixo

Proclamam os mais batidos na matéria

Tinto ou branco tanto faz

O que é preciso é ter o copo na mão

Cheio, não vá a transparência do vidro roubar virtude ao momento

Eu não bebo, diz um com ar confrangedor !...

A sala estremece de risos

Há quem não entenda as restrições que afectam o denunciante

A sala reivindica unanimidade na acção

Vota-se aos já desaparecidos e aos que ainda hão-de vir

O ar que se respira é contagiante

E ao fim da noite há já quem ria sem saber porquê

Eu não bebo, mas pronto hoje faço uma excepção

Amanhã confessar-me-ei a mim próprio

E redimir-me-ei da infracção que cometi

A noite alonga-se com toda a gente a entoar canções da juventude

Vozes que mais parecem sinos a dar horas

Do que melodias mal recordadas

Chega a hora da partida

Uns ficam

Outros regressam às origens que a vida lhes destinou

Todos levam consigo a auréola do sonho cumprido

O reencontro.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 25/09/2014
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