REENCONTRO...
A distância é o degrau mais próximo da saudade
Do pensamento nostálgico
Do sonho desenquadrado
É o fenómeno que conta os dias sem precisar de calendário
O barómetro que conta os passos de olhos vendados
A espera, a aproximação, a partida e a chegada
O reencontro !...
Toda a fadiga se esvai ao primeiro abraço
E outro, e tantos, alguns mesmo arrebatadores
E vai acima, e vai abaixo
Proclamam os mais batidos na matéria
Tinto ou branco tanto faz
O que é preciso é ter o copo na mão
Cheio, não vá a transparência do vidro roubar virtude ao momento
Eu não bebo, diz um com ar confrangedor !...
A sala estremece de risos
Há quem não entenda as restrições que afectam o denunciante
A sala reivindica unanimidade na acção
Vota-se aos já desaparecidos e aos que ainda hão-de vir
O ar que se respira é contagiante
E ao fim da noite há já quem ria sem saber porquê
Eu não bebo, mas pronto hoje faço uma excepção
Amanhã confessar-me-ei a mim próprio
E redimir-me-ei da infracção que cometi
A noite alonga-se com toda a gente a entoar canções da juventude
Vozes que mais parecem sinos a dar horas
Do que melodias mal recordadas
Chega a hora da partida
Uns ficam
Outros regressam às origens que a vida lhes destinou
Todos levam consigo a auréola do sonho cumprido
O reencontro.