Eu sou a religião da onda

As vezes o sol poente adormece a minha mente, e me coloco fora da circunferência sem fim,

do presente que já me entorpece, e só penso em deitar-me em um pomar e deixar-me tocar pela brisa campestre, o sol aquece, a dor arrefece, e agente se esquece que tem de acordar,

mas mesmo inconsciente não deixo de pensar que o tempo vai passar e a pele enrugar,

e eu sei que é efêmero e um continuo veneno sonhar acordado, mas logo me distraio a ouvir o ranger das árvores, criando imagens do que não sei viver e o vento passa a soprar-me fora do corpo, e eu tento me perder entre a ruptura da nostalgia e o que há de ser a minha próxima doutrina.

E eu tenho a força das ondas, pois já me curvei diante das tempestades, mas encontrei a maturidade no equilíbrio, pois a mudança é o ciclo e o início é o aprendizado, estou enrijecido, sagaz e consciente de que tudo pode mudar em um segundo e que posso tocar o fundo do oceano e ao mesmo tempo se afogar, estou ciente que há ventos contrários e rotas traiçoeiras, e que posso me perder mas ainda posso tomar o controle e direcionar-me a meu favor,

e Senhor! guia-me por águas claras, propícias e sem avarias, e que o bem seja a justiça e o meu socorro.

DLV
Enviado por DLV em 28/09/2014
Reeditado em 28/09/2014
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