A Arte de Mentir

Está implícito na atual formação da sociedade que o homem enquanto ser social deve acima de tudo estar propício a criar um mundo fantasioso, fictício a respeito de si e de sua história. Mas por quê? Porque incrivelmente, enquanto inseridos em uma sociedade gerida aos moldes de mentiras, atitudes que consistem em serem diretas, honestas, francas, são tomadas com outro olhar.

Me pego atualmente pensando como um meio pode ser tão poluído, tantas máscaras, tanta falsidade apenas para gerar certos status...

Presume-se que neste modus operandi todos sejam criados nos mesmos patamares de educação, obstruindo assim o próprio self, a própria individualidade, enfim, deixando de existir apenas por um convívio tido como aceitável.

Em contrapartida, o ser humano desde seu nascimento consegue ser dissimulado, exemplo clássico que crianças de colo cada vez mais usam de artifícios e artimanhas para manipular seus pais e o meio em que vivem (escolar/familiar).

Sendo assim, está no cerne da vida humana o ato de mentir e dissimular para conviver e conquistar os seus quereres.

Pondo um questionamento acerca desta arte... Até que ponto é viável suprimir a própria individualidade para conviver com um meio poluído?

Questionando, vejo que assim como na política, o meio poluído corrompe e nos torna ainda mais suscetíveis às posturas inadequadas e conceitos errôneos a respeito deste ou daquele assunto.

Para que possamos neste atual estágio evolutivo (muito primitivo ainda) conseguir conviver, necessitamos urgente de um curso diário de dramatização, pois como eu batizei este pequeno texto, para conviver é necessário conhecer a “Arte de mentir”.

Mentimos porque é sociavelmente aceito, mentimos porque queremos estar inseridos em uma tribo, sociedade, grupo, mentimos porque nascemos com esta capacidade de criarmos histórias fantásticas do nada, mentimos porque somos mentirosos por excelência, mentimos porque fomos criados em um meio onde valorizamos posturas mentirosas e atitudes incoerentes e execramos o franco, o direto, aquele que diz o que realmente deve ser dito.

Finalizado, Descartes em “O Discurso do Método” diz que para se conhecer a verdade, a mesma deve ser vista de uma só óptica, sem que haja outras interpretações que divergem a respeito, mas ele não nos deixou a forma de extrair da verdade onde ela deixou de existir para dar espaço a um oceano de personas.

Fica a esperança de que um dia deixemos estes defeitos humanos para ascender em uma nova espécie em que a verdade e a franqueza possam ser socialmente aceitas e vistas como modelos a seguir.

Eduardo Benetti
Enviado por Eduardo Benetti em 10/10/2014
Reeditado em 10/10/2014
Código do texto: T4994076
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