JANELA INDISCRETA...

Um cigarro…

Uma janela aberta em dia agreste

Uma espiral de fumo que me era devolvida

E eu…

Eu sorria porque já tinha visto a tua saia voar na rua

Ah, como gosto de ver o corpo de uma mulher batido pelo vento !...

Por mais que as tuas mãos tentassem minimizar o efeito

Parte do teu corpo ficava exposto à delícia de um olhar

E eu…

Eu já não sei se sorria se chorava

Exausto pelas incertezas ditadas por mil pensamentos

Pela janela entravam-me as folhas filhas do Outono

A poeira cansada de ser sovada pelas agruras do momento

Os pombos a quem já faltavam forças para voar

E eu…

Eu, inconformado acendi outro cigarro

Pela janela entrava-me tudo

Menos tu !...

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 08/11/2014
Código do texto: T5027861
Classificação de conteúdo: seguro