Mais devagar
Não pense, caro amigo, que não sei o que eu faço
Sei porque penso e penso porque ajo
Se te olhei e agarrei no ar teus olhares
Não pense que retribuí algo
Apenas doei o que tenho e deveria agradecer-me
Por ter te afagado o cabelo e dormido no seu peito
Com relativa pressa
Sim, você deveria pensar diferente, sei o que faço
Meu corpo e mente não são picadeiros de palhaço
Portanto venha até mim, caro amigo,
Recupere meu cansaço, dê-me o que comer
O que beber, dê-me um abraço
Mas não duvide de minha consciência
Não pense que aqui mora a pureza e inocência
Não se decepcione!
Agarrei seus olhares e te dei os meus
Mas não se afobe, não tenha medo
Agora tudo vai mais devagar
No ritmo do seu desespero
Na velocidade do seu trem
E na dormência do meu sossego