A busca da felicidade

A busca da felicidade

Neste mundo de muitas glórias e muitos infortúnios, o ser humano busca a felicidade. Em virtude disso, existe a famosa máxima apregoada nos quatro cantos do mundo que diz que todos nós buscamos a felicidade e fugimos da dor.

É evidente que se busca a felicidade em todos os atos da vida, até aquele que nos parece anormal como se enforcar. Note bem o que Pascal disse: "Todos os homens procuram ser felizes; isso não tem exceção... É esse o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar". Parece ser um paradoxo da vida humana. Se enforcar como fez Judas Iscariotes não é nada correto, agradável. No caso dele, foi a solução para um problema que ele mesmo criou para si: o de ter trocado o Cristo por 30 moedas. Para fugir da consciência que é implacável quando erramos, ele se enforcou e, com isso, fugiu da infelicidade que o perseguia. Não queremos que ninguém se enforque, mas se essa for a solução para um grande problema, Pascal defende que aquele que se enforcar será feliz, não pelo ato, mas pela fuga da infelicidade.

Ser feliz é o objeto de desejo de todos. Ser feliz no casamento, ser feliz no trabalho. Ser feliz como os amigos( neste caso, em especial, parece que a amizade é a porta da felicidade e que a comunicação entre as pessoas o instrumento da amizade. Platão quando dava seus banquetes na antiguidade dizia que o que importava nos seu banquetes era a conversa. Prezava ele por uma conversa maravilhosa em detrimento de uma “orgia alimentar”. A comida, afirmava ele, já fazia parte do banquete porque era da práxis ser servida rotineiramente. Mas se a conversa não fosse boa, de nada adiantaria ter um banquete já que a amizade não suplantaria toda sorte de comida). Ser feliz nos estudos. Ser feliz em todas as áreas da vida.

O que é difícil de alcançar em sua plenitude é a felicidade.

Dizia André Conte-Sponnville que o ser humano procura alcançar a felicidade obtendo o que não tem. Ser feliz é ter o que se não tem. Mas quando se tem o que não tem, surge um novo desejo de algo que ainda não se tem. É uma roda que gira sem parar por desejos desejados.

Consegue-se alguma coisa. O desejo e sanado. Mas logo já se tem outro desejo que deverá ser sanado num futuro próximo.

Sartre afirmava que o prazer é a morte e o fracasso do desejo. Mas logo surge um novo desejo e para ser feliz e ter o que se deseja, tenta-se de todas as formas sanar o novo desejo.

Parece que Sísifo está empurrando a pedra da felicidade para cima e ela volta. Ele nunca consegue chegar ao cume do monte e, por isso, nunca consegue chegar à felicidade, pois a felicidade para ele é colocar a pedra lá em cima, no cume do monte.

Uma criança, por exemplo, que ganhe numa manhã de natal um presente que tanto desejava, à noite já pergunta ao pai quando será o novo natal, pois aquele presente já não a satisfaz mais.

Um trabalhador que estava desempregado faz tempos e consegue um emprego. Com o passar dos tempos já quer um novo emprego, pois o desejo de um novo emprego bate-lhe a porta. Para ser feliz, tal trabalhador precisa conseguir um novo emprego porque aquele já não o satisfaz.

Para ser feliz, é preciso ser satisfeito com o que se tem. Amar o que se conseguiu. Mas isso é muito difícil.

É preciso amar a mulher que tem ao invés de ficar desejando uma outra mulher.

É preciso amar o emprego que tem ao invés de ficar desejando o emprego dos outros. Neste caso, em especial, pode-se mudar de emprego se isso lhe trouxer mais benefícios.

É preciso amar os outros sem desprezá-los por conseguir novos amigos. Trocar amigos antigos por amigos novos.

O que quero dizer que para ser feliz é preciso amar o que já se conquistou o que é muito difícil para esta comunidade global que ama o novo e despreza o velho.

Filósofo místico
Enviado por Filósofo místico em 28/05/2007
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