MEDITAÇÃO PODEROSA

Ontem eu postei aqui no Recanto uma reflexão que leva-nos a avaliar os dois paralelos do universo que dividimos. Sugeria essa reflexão, que este universo é feito de uma parte material e outra imaterial. A coisa e a não-coisa. Chegando-se a conclusão que coisa é tudo que impressiona quaisquer de nossos sentidos e não-coisa é o que não conseguimos perceber, por não termos mais sentidos ou o sentido apropriado. E, ainda, divagamos no significado de existir, sendo que determinamos que existe aquilo que é material e que o imaterial é inexistente, por não poder ser detectado por nenhum dos nossos sentidos e nem por meio da nossa imaginação. Aliás, se podemos imaginar, pode existir ou existe. A mente humana não concebe coisas inatas.

Agora, a reflexão se estende. Vamos tentar encontrar a não-coisa. É bem provável que tal pretensão só seja possível por meio de meditação. Todos os tipos de meditação que conhecemos objetiva levar o meditante a reduzir seus sentidos até o ponto de eliminá-los. Meditação chega a significar isto: não sentir, se tornar consciência pura. Quando atingimos esse estado nos dissolvemos, entramos em transe ou em sono profundo, porém, com plena impressão de estar presente em outro lugar, de ter sido transportado. E quando voltamos dessa viagem mental ilusória, nos sentimos como se estivéssemos carregados, com a bateria em plena carga. Prazer máximo é um dos benefícios que a meditação nos traz. Autossuficiência é outro. Nos tornamos bem dispostos e confiantes de sermos capazes de operar milagres. E de fato pode ser que sejamos mesmo.

Uma das buscas da ciência humanista é conseguir formular o que é energia pura. Por exemplo, sabemos que se um homem levanta um halteres, ele faz com que sua força física se transforme em energia mecânica e essa nova energia é que faz com que o halteres seja rguido. Entretanto, algo anterior a esse evento ocorre: O que faz com que o homem tome a decisão e se encha de vontade de erguer os halteres? O que faz disparar os comandos neurais que comanda o seu corpo e o faz realizar os movimentos e o esforço necessário para causar o evento? Se fosse o fato de a hélice de um ventilador girar, sabemos que a energia elétrica que entra nos circuitos do eletrodoméstico é que é a responsável pelos giros da hélice e que a eletricidade vem da movimentação das turbinas de uma hidrelétrica, a qual é provocada por uma queda d'água. A não-coisa entra aí empurrando a água corredeira abaixo.

A energia pura ainda está para ser descoberta, mas eu me fado a pensar que ela tem a ver com a não-coisa. E entrar em contato com a não-coisa é forçar o surgimento de um sexto sentido. Um sentido que nos faz compreender como é não haver o espaço-tempo, uma viagem infinita em todas as direções, o vazio total ou a ausência de razão e a não necessidade dela.

Para cima não há nada

Para baixo também não

Para a esquerda não vejo limite

Para a direita sigo em vão

A total inconsciência dos sentidos

Traz a desnecessidade da razão

Um eterno repleto de vazio

Traz a profunda escuridão

Nem estar, nem ser

Permanecer ou locomover

Nem morte, nem vida

Ignorância ou saber

Qualquer coisa nisso acontece

Acontecimento requer percepção

Percepção é próprio da existência

Existir requer sensação