Da imperfeição

Sim, sou imperfeito e gosto disso. Não precisamente do acatamento ou depreciação; gosto desta consciência clara e experiente de, naturalmente, ser imperfeito.

Reconhecer-me imperfeito em face da existência não me faz, obrigatoriamente, um ser derrotado. Não sou malfeito, mas em evolução. Mirar de cabeça erguida o alto e perder-me na contagem das estrelas jamais foi um sinal de minha supostamente submissa baixeza. Ao contrário, o admitir que sou parte indiscutível dos astros me eleva à condição de seu parentesco e, decididamente, não me rebaixa ao nível de um ser menor e tosco. Por isso, gosto de saber-me imperfeito.

Qual a razão de viver-se no clímax da perfeição? Este patamar é para os Anjos que, como sabemos, não têm trânsito entre nós.

Sou apenas, e ainda, imperfeito...