De nada tenho certeza, com certeza!

Ter certeza de alguma coisa é pura incerteza da certeza que se tem sobre esta coisa.

Dizem que a única certeza que temos nessa vida é a morte. Com efeito, iremos morrer.

Não é nada fácil aceitar essa certeza. Lembre-se de um famoso rei da França que proibiu que a palavra morte fosse pronunciada na sua corte porque acreditava que se não pronunciassem a palavra morte jamais ele morreria. Mas ele sabia que a única certeza que ele tinha na vida era a própria morte.

Um fato real que sabemos de antemão são as quantidades de pessoas que carregarão nosso caixão. A bem da verdade são seis pessoas que seguram a alça do caixão para, em seguida, sermos enterrados.

Descarte dizia que deveríamos duvidar de tudo. Para ele, era muito difícil para o homem ter certeza das coisas. Ele mesmo definiu praticamente uma única certeza que é esta, a saber: "penso, logo existo". Essa era, sem duvida, a certeza que ele tinha.

Certeza é algo que é real e que acontece ou aconteceu de fato ou que acontece no momento em que se esta passando pela situação.

Esperança, por exemplo, é algo que se espera, mas que não temos certeza de que vai acontecer.

Dizem as boas e as más línguas que destino é o que se planta hoje para colher amanhã. No entanto, não sabemos se vamos colher os frutos das nossas ações de hoje num futuro porque o futuro é incerto, "pertence a Deus", segundo o ditado popular.

Certeza não é algo tão simples assim, é algo complexo.

Ao pedir ao meu sobrinho para me dar uma certeza, ele me disse que a certeza que ele tinha é que iria dormir. Acredito que ele estava com tamanho sono que me deu essa resposta. Então, eu disse para ele que, por outro lado, não sabiamos ao certo se iriamos acordar.

A vida é cheia de incertezas. Vivemos num mundo em que tomamos decisões num ambiente de incertezas. Quando se joga xadrez, por exemplo, você não tem certeza se fez uma jogada correta, se vai conseguir dar um xeque mate no seu adversário. Nem ele também tem certeza se vai vencer a batalha contra você.

Em relação a amigos, não temos certeza se nossas amizades serão duradouras ou não. Também não temos certeza se elas serão boas ou más. Quantas vezes nos decepcionamos com nossas amizades. Colocamos muita confiança em nossos amigos, mas no final “quebramos a cara”. Marco Túlio Cícero, em seus diálogos sobre amizade, afirmava que a única certeza na amizade era a confiança. Sem confiança, não existia e nunca existirá amizade.

Temos muitas pseudo-incertezas neste mundo de pseudo-concretividades, um mundo de ilusões, um mundo maia, um mundo de fantasias, um mundo de sonhos, um mundo de quimeras.

Quando temos certeza de alguma coisa, às vezes essa coisa é incerta e colocamos nossas forças nessa coisa que é muito incerta e acaba não dando certo ou, ao contrário, essa coisa é certa e não colocamos certeza nela porque não sabemos que ela é certa e, no final, nos arrependemos de não dado crédito a tal coisa.

Em muitos casos, colocamos muita certeza, confiança em um trabalho, a título de exemplo, mas não sabemos se nos desempenharemos bem na função propósta para ele; ou não sabemos se continuaremos nele.

Ter certeza da própria certeza é o melhor mameira de confiar. Como também ter dúvida da própria dúvida como advoga René Descartes.

Não podemos afirmar categoricamente que teremos certeza sobre todas as coisas, nem podemos também cair no lugar comum e acreditar que duvidando de tudo será nossa certeza maior.

Acreditar nas pessoas e nos fatos cotidianos nos faz pensarmos que a realidade é que trará para nós a certeza de que desejamos e a incerteza que não esperamos.

Filósofo místico
Enviado por Filósofo místico em 02/06/2007
Reeditado em 06/06/2007
Código do texto: T510508