Mais experiências de uma morta viva

Era uma construção antiga, agora em ruínas. Continuava a ter sua beleza, principalmente pelo estranho contraste das flores coloridas crescendo em meio a tanto concreto demolido. A vida que nascia sobre as cinzas. E eu sem saber onde estava, era tudo tão claro e vivo, me sentia viva, mas acredito que não estava. Senti que minha essência estava perdida, e deveria procurar em meio a tantas pedras e flores, onde poderia estar? Via meu corpo tão jovem, mas quando adormeci tinha o corpo envelhecido pelo tempo. Percebi que ali onde estava, naquele paraíso assustador, não existia tempo, nem dor.

O lugar era infestado de ar puro, rosas para tudo quanto era lado. Definitivamente não estava na cidade poluída onde eu costumava viver, talvez não fosse nem se quer o mesmo mundo. E tantas flores, como puderam estas nascer ali, foram plantadas por quem? Acabei por concluir que foram enviadas a mim por amigos e familiares, não estava mais no mesmo mundo, finalmente ela chegou para me buscar, depois de tantos encontros e desencontros, ela me carrega e não deixa nem se quer eu ver seu rosto. Mas ali me sentia mais viva que muitas vezes que senti me minha própria vida. Quando dou por encerrada e concreta essa teoria, me vejo desabando de uma sacada que antes não estava ali, abraço o ar e me deixo cair, seja pra onde for. Abro os olhos e estou de volta ao hospital, o oxigênio entubado entra pelos meus pulmões e os machuca, a dor alucinante de se estar viva.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 24/01/2015
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