ÁRVORE, MINHA COMPANHEIRA...
Extenuado colei o meu corpo ao seu corpo
A caminhada foi dura e sobretudo seca
O meu olhar cansado procurava o rio
O meu ouvido atento pesquisava o choro da corrente
Em vão…
Aquela árvore bebia de chuvas sem tempo
E mantinha em si a reserva do desespero
Não estava nua…
Os seus inúmeros braços acenavam com um verde
Que abracei como se fossem elos do mesmo desejo
Não eram precisas palavras
Ao meu murmúrio de gente acomodada
Respondia ela com um leve zumbido provocado pelo vento
Árvore não fala nem protesta quando lhe pedimos socorro
Árvore não se frustra quando colado a si tem alguém com o pensamento tão distante !
Deixa-me descansar mais um pouco
Deixa-me sugar-te das folhas o mel que te conserva
Até que a próxima intempérie seja a melodia que dances com euforia
Agora vou…
Vou para lá do horizonte que te serve de cerca
Procurar outros braços
Procurar uns lábios que não tenham secado com a ausência
Uma vida que não esteja no mundo da natureza morta
Alguém que fale e me diga… enfim, chegaste.