ÁRVORE, MINHA COMPANHEIRA...

Extenuado colei o meu corpo ao seu corpo

A caminhada foi dura e sobretudo seca

O meu olhar cansado procurava o rio

O meu ouvido atento pesquisava o choro da corrente

Em vão…

Aquela árvore bebia de chuvas sem tempo

E mantinha em si a reserva do desespero

Não estava nua…

Os seus inúmeros braços acenavam com um verde

Que abracei como se fossem elos do mesmo desejo

Não eram precisas palavras

Ao meu murmúrio de gente acomodada

Respondia ela com um leve zumbido provocado pelo vento

Árvore não fala nem protesta quando lhe pedimos socorro

Árvore não se frustra quando colado a si tem alguém com o pensamento tão distante !

Deixa-me descansar mais um pouco

Deixa-me sugar-te das folhas o mel que te conserva

Até que a próxima intempérie seja a melodia que dances com euforia

Agora vou…

Vou para lá do horizonte que te serve de cerca

Procurar outros braços

Procurar uns lábios que não tenham secado com a ausência

Uma vida que não esteja no mundo da natureza morta

Alguém que fale e me diga… enfim, chegaste.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 13/02/2015
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