De claridades

A copa da mata que se elevava até o cimo do morro, vista à distância, era de um verde sisudo no final da madrugada. Somente ao primeiro clarão da alvorada é que se podia divisar o tom dourado que tingia, gradualmente, toda a extensão daquele outeiro. E na medida em que o céu cobria as estrelas com o seu manto azul, ainda mais claramente se podia acompanhar o brilho que se alastrava, como um jorro áureo de tinta, até os calcanhares do morro.

Podemos entender este processo – o da claridade espontânea e gradual – como sendo o mesmo que ocorre na expansão progressiva de nossa consciência: as ideias se aclaram na medida em que a noite do pensamento dá lugar à luz do bom senso.