Lembranças de Pai

(30/01/12 16:39)

Mais um dia em que me perco em meus pensamentos.

O olhar de menino fitando o céu.

Ainda me sinto perdido em meus ideais.

Mas mais que tudo agora tenho uma prioridade.

Meu filho está aqui.

Quero despejar minhas idéias sobre este papel, mas mal posso deixar de pensar nele.

Não consigo me concentrar.

Fico pensando em meu pequeno. Longe de mim.

A melhor sensação do mundo e nem ao menos consigo demonstrá-la.

Como posso ser tão incapaz de expressar algo que sempre pude?

Este sentimento infinito de orgulho e prazer.

Uma mágica em ser pai.

Hoje percebo o significado das palavras que meu pai, um dia dizia.

Filho, você vai crescer. Ainda será pai!.

Hoje entendo como vinham essas palavras a atingir-me.

A responsabilidade de visar algo.

Entregar-se em alma.

Um resquício de meu antigo ser desfalecido mostra-me como fui rude em tempos antigos.

Como fui, em inúmeros momentos, bruto com aquele que mais me almejava o bem.

Aquele que, mesmo em prantos por atos estúpidos causados por mim, sempre me estendia sua mão.

Nunca me negava nada, e em troca recebia brutos castigos sem o porquê.

Da mesma forma que tenho medo de um dia colher o que plantei em tempos remotos, rezo para que ele tenha toda a saúde do mundo. Dou-lhe a minha inteira vida.

Resta de mim o fiasco que fui como filho.

Uma dor que jamais poderei sanar.

Uma cicatriz que nunca poderei curar.

Um passado que terei de aceitar.

Mas mudar conceitos. Tomar como experiência. Recuperar o tempo perdido.

Um perdão que tenho que receber por aquele que jamais me negou nem mesmo sua outra face para que eu, descontroladamente, descarregasse minha raiva incontida e sem antecedentes. Sem causa alguma.

Que de ódio passo por mim em passado. Triste e desconsolado.

Ainda há tempo!

Compreendo agora o que significa o valor daquelas palavras.

Arrependo-me ter esperado tanto tempo para admitir que sempre estive errado.

Pois como disse, aquele que mais desejava o bem, eu caçoei. Humilhei. Deixei-o ridículo muitas vezes frente aos outros.

E como me arrependo amargamente destes erros.

Uma vitória se concretizou, pois agora sei o valor que é ser e ter um pai!

Pois das palavras que um dia meu pai disse, uso-as para o mesmo fim.

Dos aprendizados faço uso.

E para o reconhecimento futuro de minhas tarefas e árduo caminho trilhado, não espero o consentimento logo por início, pois sei que ainda não o mereço, mas aguardo ansiosamente que meu filho possa um dia me olhar com olhos de orgulho. Os mesmos que hoje uso para enxergar o encanto e maravilha que meu pai é para mim!

Artur Gabriel
Enviado por Artur Gabriel em 18/02/2015
Código do texto: T5141646
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