Devaneios Em Um Papel Virado

Se um dia encontrares em qualquer esquina,

um resquício de sobriedade, por favor me diga.

Porque sinto, ah! Como sinto a necessidade...

Necessidade de me sentir lúcida outra vez;

de ser capaz de distinguir o real, de minhas utopias.

Tenho mergulhado em onirismos medíocres mediante ao real e irreal,

me guardado deste universo que me bate de tal forma,

como se existissem cicatrizes em meu corpo,

cada vez que olho me leva a um colapso nervoso,

como uma foto leitura...

Nas voltas incessantes dadas em meus devaneios,

consigo me livrar de alguns fantasmas familiares.

Não que eles me incomodem.

Mas dificultam a compreensão e a decisão de que rumo tomar,

me deixando numa inércia temporária,

obrigando-me mais uma vez,

a lutar contra o pior inimigo do ser humano: ele mesmo.

Ficar e seguir sozinha, (re)descobrir quem sou.

Se solidão ou tumulto; se chuva ou seca; se amor ou indiferença;

se liberta ou escrava de meus próprios questionamentos.

Como se estivesse acorrentada,

entre o mundo real e o mundo espiritual,

estive a refletir, se o passado estivesse no presente

eu teria que prosseguir com ele ao meu futuro.

Só queria sentir meu corpo livre,

com asas gigantescas, e um pouco de lucidez

para acordar deste sonho que me aprisionou dentro do meu inconsciente [...]