Amarra
A corda do barco, amarrada ao porto
Velha e cansada, ruia-se aos poucos
O barco forçava querendo fugir
Adentrar pelos mares e no mundo sumir
A corda o detinha à beira do cais
E o dono do barco dormia em paz
Dia após dia a corda raspava
No tijolo da beira da velha murada
Dia após dia perdendo um fiapo
No sono do dono faltava o cuidado
E o barco querendo fugir na maré
Deixado sem pena, seu dono a pé
Até que um dia, tal noite chegou
Sem ser corda nova, a velha estourou
E o barco se foi pelas vagas vagando
No sonho do dono, seu barco voando
E de madrugada, por pura intuição
Chegara o dono com carga na mão
Trouxera bem nova, trançada em parte
Amarra da grossa, que chegara tarde
A rota do barco, tão melhor não era
Partiu-se em pedaços, batendo nas pedras
E seu dono doído, saiu carregado
Perdendo uma vida, por não ter cuidado.