Amarra

A corda do barco, amarrada ao porto

Velha e cansada, ruia-se aos poucos

O barco forçava querendo fugir

Adentrar pelos mares e no mundo sumir

A corda o detinha à beira do cais

E o dono do barco dormia em paz

Dia após dia a corda raspava

No tijolo da beira da velha murada

Dia após dia perdendo um fiapo

No sono do dono faltava o cuidado

E o barco querendo fugir na maré

Deixado sem pena, seu dono a pé

Até que um dia, tal noite chegou

Sem ser corda nova, a velha estourou

E o barco se foi pelas vagas vagando

No sonho do dono, seu barco voando

E de madrugada, por pura intuição

Chegara o dono com carga na mão

Trouxera bem nova, trançada em parte

Amarra da grossa, que chegara tarde

A rota do barco, tão melhor não era

Partiu-se em pedaços, batendo nas pedras

E seu dono doído, saiu carregado

Perdendo uma vida, por não ter cuidado.

Moater Paulon
Enviado por Moater Paulon em 06/06/2007
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