Covarde

Acordar aquele dia não foi muito bom - algo que estava se tornando rotina - mas não tão confortável a ponto de já ter me acostumado. O céu reluzia, enquanto o mundo girava. Mas não para mim.

"Não deixe seu passado te impedir de ter um futuro" era o que eu dizia aos outros, mas esquecia de vivê-lo. Não que meus dias anteriores pudessem provar que eu estava vivendo.

Decidi me dar uma - mais uma - folga daquele dia covarde - o que o tornava ainda mais covarde. Porém uma luz brilhou, e, mesmo tapando meus olhos aquela gentil e insistente claridade me fez desistir de meus planos para aquele dia.

Já "distante" de casa, com algumas distrações, o dia não estava tão severo. Encontrei junto de uma amizade algo para manter o passado distante.

A tarde ia acabando e a noite se mostrava uma boa companhia. Eu estava me divertindo quando minha mão desastrada me força a atacar e ferir a mim mesmo.

Um ato desatento, seguindo inúmeros precedentes, menos consequentes que este, e menos desagradáveis também. O que se mostrou ser um alívio nesse dia desanimador se tornou algo a lamentar, algo que não vou esquecer com facilidade.

Mas não deixei que minha noite acabasse por um mero acidente - mesmo ele não tendo causado consequências só a mim, mas também a minha amizade.

Superada a tragédia a noite seguiu como deveria. Tudo acabou em pizza. E agora, nessa noite barulhenta, olhando meu corpo marcado por meu defeito, eu relato o que consigo me lembrar e transformar em uma pobre rica poesia. Certo de que no final das contas não fui tão covarde assim.

Matheus Bardo
Enviado por Matheus Bardo em 25/03/2015
Reeditado em 02/02/2016
Código do texto: T5183282
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