"Ofereci ao outro a minha melhor metade”

Ofereci ao outro a minha melhor metade”

Ontem ouvir esta frase de um querido amigo, enquanto ele chorava as lamúrias do fim do seu relacionamento. Aprendi, disse a ele, depois de alguns tombos e puxadas de tapete que as relações me deram que “conviver é um cuidado para encaixar o termo certo”.

Quando nos envolvemos, sempre esperamos do outro mais do que nós mesmos podemos dar, isto é fato! Criamos expectativas vãs que nem sempre são cumpridas, então porque criamos expectativas? O sintoma mais comum é que vivemos atormentados por dúvidas sobre a intensidade e a profundidade dos nossos sentimentos!

Quando penso em mim, nos relacionamentos que tive, nas pessoas que conheço intimamente, nos amigos que falam e se queixam de seus relacionamentos me parece que existe uma progressão, que vai dos apaixonados incondicionais às pessoas que não conseguem se vincular, e que a maioria de nós se encontra emocionalmente em algum ponto entre esses dois extremos. É oito ou oitenta! Nunca será o que pensamos que é!

Temos graus mutáveis de dificuldade para amar e sair de nós mesmos, sim temos, temos dificuldades! E não adianta mentir ou enganar-se dizendo “comigo não! Eu amo de corpo e alma e sempre me entrego ou eu sempre sei amar, a pessoa que não valoriza o que tem!”

Será mesmo? Estamos mitigados por períodos de entrega e admiração, está é a verdade!!

De qualquer forma, a ideia de que somos todos iguais diante do amor, e que a única dificuldade está em encontrá-lo, sempre me pareceu falsa, ou pelo menos exagerada. Postos diante da possibilidade do amor, uns não o reconhecerão e outros terão o impulso de o afastar. Poucos serão capazes de abraçá-lo assim que ele virar a esquina, ou assim que ele aparecer como algo inesperado, sem aviso.

É fácil proclamar-se apaixonado em cada esquina, de forma imaginária, fantasiosa, sonhadora e histérica. Mas manter um afeto duradouro na vida real exige mais do que cenas românticas, rock and roll ou músicas de Chico Buarque. Exige sentimentos profundos que alguns de nós não são capazes de oferecer.

Não podemos colocar a culpa apenas no outro, disse a ele, você alguma vez olhou para as suas atitudes?, questionei! Sempre é bom olharmos para nós antes de apontarmos o dedo para o parceiro, parceira. Aprendi que verificar meus erros antes de verificar o erro do outro sempre é um bom começo para uma boa conversa, para um bom relacionamento, porém admito aprendi aos trancos e barrancos!”

Sabemos que é duro lidar com alguém que não está 100% ali. É chato confrontar-se com a hesitação de quem não sabe o que sente. Dói lidar com a aspereza de quem não consegue se coloca na pele do outro ou não permite que o outro entre sob a sua própria pele.

Portanto, dizer que você ofereceu sua melhor metade é algo questionável, será que você ofereceu sua melhor metade? Não seria mais lindo viver um amor oferecendo-o inteiro?

Cada uma ama da forma que entende o amor, e eu não entendo o amor como apenas uma metade! Não acredito em metade da laranja, nem em tampa da minha panela, ou em o chinelo que faltava para meu pé cansado, acredito em pessoas que possam compartilhar comigo momentos bons que possam ser lembrados enquanto construímos nossa história!

As metades ficam pra quem não sabe se relacionar!

Carol Dominguez

Carol Dominguez
Enviado por Carol Dominguez em 06/04/2015
Código do texto: T5197592
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