O Homem integral

Antes de começarmos a falar no homem integral, vamos falar um pouco do homem, isto é, o ser humano.

A pergunta primeira que surge é esta, a saber: que é o homem?

O homem é uma pessoa e para Tomás de Aquino a pessoa significa o que há de mais perfeito na natureza.

Seguindo quase o mesmo pensamento de Tomás de Aquino, a tragédia Antígona, de Sófocles, diz que “muitas são as coisas grandiosas dotadas de vida, mas a mais grandiosa de todas é o próprio homem”.

Para Protágoras, o homem é a medida de todas as coisas.

William Shakespeare disse que o homem é uma obra de arte.

Já Jó se dirige à Deus perguntando o seguinte: “Que é o homem para que faças caso dele, para que te ocupes dele, para que o inspecione cada manhã e o examines a cada momento?” Nesta pergunta, Jô afirma que o homem não é nada para que Deus se preocupe com ele.

A essa pergunta, poderíamos reunir milhares de outras perguntas por que o que importa ao homem é ele mesmo. Não é a toa que a medicina, a antropologia, a história, a biologia e outros campos do saber o têm por objetivo.

Foi feita uma pesquisa e constatou-se que o corpo humano, o homem, vale apenas quatro reais e cinqüenta centavos. Foram obtidos do corpo humano uma caixa de fósforo e mais dois componentes que somados vale essa quantia em dinheiro. Assim, o corpo humano não vale tanto.

O homem para Aristóteles é um ser racional e para a filosofia grega o homem é uma coisa cuja natureza consiste em poder dizer o que são as outras coisas. Portanto, ele é um ser racional.

Quanto a criação do homem, os gregos advogam que o homem foi formado, mas rejeitam a hipótese da criação. Todavia, como vivemos em um país cristão, vamos admitir que Deus tenha criado o homem sua imagem e semelhança, o que lhe confere superioridade em relação ao outros seres.

Já sobre o mundo material, os gregos de antigamente diziam que o homem vive em dois mundos. O homem vive no mundo sensível, isto é, o mundo em que todas as percepções humanas são por meio dos sentidos e o homem vive no mundo inteligível, ou seja, o mundo em que todas as percepções humanas são por meio da razão e é neste mundo que se confirma toda a realidade do ser racional.

Surge então o conceito de homem integral que nada mais é do que o homem bio-psiquico-sociol-espiritual.

O homem biológico é o homem vivo. As tentativas de inserir o homem dentro da ordem dos primatas não primam pela precisão, uma vez que as diferenças de detalhes são complexas e controversas. O tamanho, e ainda, a complexidade do cérebro humano em relação ao dos primatas não-humanos constitui o principal ponto de diferenciação anatômica. A postura ereta é também um aspecto importante. Outras características anatômicas que distinguem o homem dos outros primatas, seja dos macacos antropóides, sejam dos primatas inferiores, além não é preênsil; o primeiro dedo do pé, que não é oponível; os maxilares, de tamanho reduzido e pouco salientes; a ausência de caninos salientes e atender às funções de equilíbrio e suporte do corpo na posição ereta, e muitas outras diferenças entre o homem e os primatas. Por isso, o homem é um ser biológico diferente dos demais.

Por outro lado o homem psicológico na concepção dos psicólogos é um ser psicológico e para Aristóteles o homem é um ser gregário que só vive em sociedade e, portanto, podemos concluir que ele é um ser sociológico.

Permanece vaga e ambígua a correlação entre as dimensões física e cultural do homem. Tal ambigüidade levanta a duvida quanto ao problema de se o homem é causa ou resultado, criatura ou criador de seu patrimônio cultural. A questão do determinismo ou da liberdade da condição humana extrapola o âmbito da antropologia e convoca a uma perspectiva inovadora no campo das ciências humanas, trazida pela psicologia: o conceito psicanalítico de inconsciente. Essa noção, que foi a principal descoberta de Sigmund Freud, veio mostrar que o psiquismo não é redutível ao consciente e que certos conteúdos psíquicos só se tornam acessíveis à consciência depois de vencidas certas resistências.

Para a sociologia, o homem, com ser social, é o resultado de processos sociais e de cultura que antecedem ao aparecimento do individuo. O homem nasce com uma base orgânica, que o permite desenvolver-se em pessoa. Seus órgãos e sentidos estabelecem o contato entre o que é verdadeiramente hereditário, natural e individual, e a vida social e a cultura. O comportamento humano dá-se num quadro de circulação permanente de informação. Cada homem recebe ininterruptamente estímulos diversos e diversamente organizados, aos quais responde por comportamento. Se isso é verdadeiro para qualquer ser vivo, no homem se distingue pelas propriedades de sistematização, de transparência e de significação.

Além disso, o homem também possui espírito. É a parte imaterial do homem.

Se admitirmos que exista espírito, é claro, logo admitiremos que exista Deus, porque foi Deus quem soprou nas narinas do homem para que ele tivesse vida. A alquimia defende que o espírito é a parte vital do homem. Sem o espírito, o homem não existiria, pois o homem tem uma natureza humana e uma natureza espiritual. Ele tem duas vidas, quais sejam: uma terrena vivida no corpo e uma eterna vivida no espírito.

O espírito é imortal. Uma coisa que é imortal é uma coisa que não tem nem principio nem fim. Assim é o espírito. Se estivermos de acordo que o espírito está dentro do homem, também estamos de acordo que ele o homem ira morrer para que o espírito viva em sua plenitude. A morte é a única certeza que temos e não devemos ter medo dele, devemos quebrar este tabu. Alguém disse com grande propriedade que é na morte que todos os homens se igualam e eu, particularmente, concordo com isso.

Um grande dono de uma emissora de televisão recebeu uma tartaruga de presente, no entanto não quis ficar com ela. Disse ele que teria que enterrar tal animal, como se ele, o dono da emissora de televisão, nunca fosse morrer.

Epicuro( 270 a.C.) fundamentou a celebre tese segundo a qual jamais nos encontraremos frente a frente com a nossa própria morte, visto que enquanto nós estivermos presentes ela estará ausente e quando ela estiver presente, então seremos nós que estaremos ausentes. Só temos que nos ocupar com esta vida. O problema da vida é passá-la o mais agradavelmente possível, visto que “a morte não é nada para nós”. Se acreditarmos nesta tese, deixaremos de acredita no homem espiritual e, por conseguinte, no homem integral.

O mais importante no ser humano não é o corpo dele, mas o seu espírito. O corpo humano é apenas o casulo em que mora o espírito. Nós não somos estes corpos, mas somos o espírito que habita nesse corpo.

Se o homem tem um espírito precisa acreditar que viverá após a morte. Note bem que o niilismo diz que não existe nada depois de mortos. Atém mesmo existem aqueles que não acreditam nem em Deus e vivem dizendo que são ateus graças a Deus.

O homem só é completo na concepção de Tomás de Aquino se ele voltar para seu criador: Deus. A bem da verdade, ele quis dizer que o homem não é muito afeiçoado a Deus e nasce de costa para Deus e caminha em direção a seus próprios objetivos. É preciso que o homem se volte para Deus nem que seja para acreditar que haverá uma vida em outro lugar, após a morte.

O homem, por natureza, deve se achegar a Deus. Tomás de Aquino dizia que o homem deveria viver em completa contemplação de Deus porque é o motivo maior de sua existência. É preciso, na visão dele, que o homem se achegue a Deus diariamente. Pois, com efeito, Ele é o Incriado, o Sobrenatural, o Sagrado, a própria Mens Divina, o Naus, a Força Criadora, o Supremo Arquiteto do Universo, o Geômetra, a Alma do Universo.

Todos passamos tempos se nos lembrarmos de Deus, não é isso mesmo?

Mas, quando se vai à praia de Niterói e se vê o Cristo, no Rio de Janeiro, logo se percebe que o ego, o eu, o dinheiro, os bens materiais estão tomando conta de nosso ser de tal modo que o Cristo está desaparecendo da minha vida. É só olharmos para Ele e veremos que Ele está tão distante e pequeno e tudo em nossa vida está perto e grande.

Mas, se pegamos o ônibus e chegamos aos pés do Cristo, aquela estátua de 38 metros de altura, logo nosso ego, nosso eu, nosso dinheiro e nossos bens materiais desaparecem e o Cristo fica enorme na nossa vida, tomando conta do nosso ser porque nos achegamos a Ele. Tente se achegar a Deus nem que seja uma vez neste ano.

Sendo assim, o homem é um ser bio-psiquico-socio-espiritual. Para que ele se desenvolva bem é preciso alimentar o ser corpo com alimentos saudáveis que garantam uma boa e perfeita qualidade de vida. Deve ser sua mente muito equilibrada para saber quando agir com a razão e quando agir com a emoção. Ademais, deve ser bem sociável porque é por meio das pessoas que chegamos a amizade que é um amor que sentimos pelos outros que é igual ao amor que sentimos por nós mesmos( amizade é o querer para você que é igual ao querer para os outros). E, por último, deve-se procurar desenvolver o lado espiritual, nem que se diga que tem um lado espiritual independente de religião. Para alimentar o espírito é preciso buscar a Deus, seja de que forma for. Lutero dizia que é preciso que todo o homem se lembre de Deus porque há no coração do homem um vazio do tamanho de Deus.

Filósofo místico
Enviado por Filósofo místico em 09/06/2007
Reeditado em 09/06/2007
Código do texto: T520215