A Loucura

O que é a loucura senão a ruptura com a conveniência?

A verdade, quase sempre nasce da repetição de padrões e crenças.

Um dia, porém, o louco questiona onde termina a redoma que torna a vida dos ignorantes mais branda.

Uma vez munido da inquietação dos que ousam, parte em busca de respostas e uma vez tocada a clareza, é impossível voltar ao estado original da inércia mental.

O louco, aquele tipo, (e só dele aqui se fala), que não mais se enquadra nos padrões aceitáveis de comportamento e de crenças, passa então a buscar migalhas de lucidez na convivência com o mundo dos “normais”.

A aceitação de que a maioria da humanidade é instintiva e passa a vida no processo de nascer, crescer, reproduzir e morrer passa ser uma pergunta de todas as horas. O pão de cada dia.

A busca desta maioria que se contenta com anos de trabalho árduo para as férias anuais, o carro mais novo, o corpo perfeito ou o garimpo social é tão insano para o louco quanto ele o é para os que se consideram sãos.

Muitos sucumbem à dor do querer saber e neste momento, partem em busca das drogas que alucinam mas não curam.

Outros, em busca de drogas mais fortes, se rendem à religião. E que não se confunda religião com espiritualidade. A primeira, quase sempre elimina a segunda.

A loucura é, portanto, o passaporte para a saída da mesmice. O passe de liberdade para a limitação. E como toda liberdade, tem seu preço.

O louco, aquele que não se envergonha de ser, vive com o vazio constante da falta de respostas e com a falácia terrível das perguntas.

Não bastam as falas criadas, os livros escritos, os templos ou a verdade irrefutável que só convencem aqueles que delas se julgam donos.

Um dia na frente da TV, a última moda, viva o futebol, batizado no sábado, churrasco no domingo.

Nada de errado com os dias aparentemente bons dos alimentos da terra.

Mas há que se considerar a riqueza da loucura daqueles que sempre querem mais.

Sem a ousadia dos que buscaram e descobriram, possivelmente os desenhos em cavernas ainda hoje seriam a melhor forma de comunicação.

Para muitos é preferível o fel da inquietação que a pobreza e a resignação dos que não ousam olhar além das grades da própria ignorância.

O reino dos céus, portanto, é para os puros de coração, não para os limitados da alma.

Compreenda.

Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 15/04/2015
Código do texto: T5207834
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