"Eles querem que você se sinta mal, porque assim eles se sentem bem"

Não sei se sou forte o bastante para sair das encrencas como fui suficientemente fraca para entrar. Tornei-me tão desprezível. Talvez sempre tenha sido e só agora me dei conta, tanto faz, não sei. O fato é que, aos poucos, fiquei só.

Acho importante ressaltar que “ficar só” é bem diferente de “ficar sozinho”. Vivi assim por anos, comigo mesma. Sempre me considerei minha melhor forma de entretenimento. Meus dias eram gastos pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música. Mas quando tive que viver pra fora e abri os olhos, não foi legal constatar que não havia ninguém do meu lado. Pareciam todos tão mais na minha frente. E junto com isso, pareceu que minha meta de vida daquele momento em diante era algo como tentar alcançá-los.

Estou aprendendo a viver da forma mais rígida possível, engolindo todos os nãos que me forçam goela abaixo, sentindo-me sempre um cachorro sarnento que nunca terá a menor chance de ser como eles. Mas tudo bem. Eu aceno e sorrio, sou educada e observo – mas nunca absorvo – suas asneiras. No dia seguinte vou acordar, lavar a cara, tomar meu café, escovar os dentes e continuar. Isso eles não podem tirar de mim sem o meu consentimento. E nunca vou consentir com o roubo de mim mesma.

13/03/2014

Thainá Mocelin
Enviado por Thainá Mocelin em 18/04/2015
Reeditado em 18/04/2015
Código do texto: T5211345
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