JÁ NÃO BASTAM AS PALAVRAS...
Há um antigamente em todos nós
O do tempo em que bastava um sorriso para esculpir uma face
Ou as costas de uma mão para consumar um afago
Tempos em que o ar que se respirava era uma dádiva dos céus
E a chuva de Verão nos retemperava o corpo
As palavras que desmembravam um rosto triste
E anunciavam um arraial de luzes que se apoderava da alma
Palavras… A chave que nos abria a porta do beijo
E nos levava ao quarto do abraço profundo !...
A sinfonia do tempo e dos acordes captados em uníssono
Não havia outra melodia. Era aquela que adornava o Mundo
Há um antigamente em todos nós
Há memórias que ficaram gravadas no arquivo da vida
Há agruras arrancadas da terra como mármore da mais fina espécie
Há o caminhar sem que o tempo se compadeça com o passado
Um sorriso já não esculpe uma face
Uma só mão não alcança o afago
Já não bastam as palavras.