Somos todos poetas

Vamos cuspir memórias

E atarraxar os pregos do passado

Vamos enfim fadar os sacos vazios

De sonhos já mortos pela ganância.

Marchas em rumo á esperança

Colisão de anseios e derrotas

Todos fadados pela culpa

Esperando seu pagamento mensal.

De que lado eu jogo meu corpo

Que tipo de pensamento eu devo ter?

Afinal, somos todos poetas

Rabiscando palavras que ninguém vê.

O mundo é todo cinza

E minhas palavras mais cinzas ainda

Como posso então prosperar na boa esperança

Se pela crença meu bom senso já não mais se valia.

Caminhamos então a cegas

Disparando mísseis e bombas

Mirando sempre nas pregas

Do inimigo atrás de nossos próprios reflexos.

Branco, azul

Amarelo e verde

Pintamos o set

Do nosso próprio desrespeito.

Que boca devo beijar na calada?

Como devo cruzar as pernas

E que tipo de preço eu devo me vender?

Real, Euro ou Dólar...

A carne morta é minha

Mas o urubu a rondar é você.

Poetas solitários na madrugada

Bebendo o vazio e entorpecendo o desprazer.

Mvitoria
Enviado por Mvitoria em 23/07/2015
Código do texto: T5321390
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