Somos todos poetas
Vamos cuspir memórias
E atarraxar os pregos do passado
Vamos enfim fadar os sacos vazios
De sonhos já mortos pela ganância.
Marchas em rumo á esperança
Colisão de anseios e derrotas
Todos fadados pela culpa
Esperando seu pagamento mensal.
De que lado eu jogo meu corpo
Que tipo de pensamento eu devo ter?
Afinal, somos todos poetas
Rabiscando palavras que ninguém vê.
O mundo é todo cinza
E minhas palavras mais cinzas ainda
Como posso então prosperar na boa esperança
Se pela crença meu bom senso já não mais se valia.
Caminhamos então a cegas
Disparando mísseis e bombas
Mirando sempre nas pregas
Do inimigo atrás de nossos próprios reflexos.
Branco, azul
Amarelo e verde
Pintamos o set
Do nosso próprio desrespeito.
Que boca devo beijar na calada?
Como devo cruzar as pernas
E que tipo de preço eu devo me vender?
Real, Euro ou Dólar...
A carne morta é minha
Mas o urubu a rondar é você.
Poetas solitários na madrugada
Bebendo o vazio e entorpecendo o desprazer.