Introspectivamente sozinha

Introspectivamente sozinha, deitava sua cabeça sobre os braços cruzados e não esperava nada demais daqueles que a rodeavam, tornara- se apenas um pedaço de concreto que compunha aquele cenário devastado por insensibilidades e futilidades. Assim era Dora, doce ao mesmo tempo que hostil, pensava sobre o mundo e sobre o que o mundo pensava dela, sentia- se tão inexplicavelmente diferente, confusa e distante, que não imaginara- se capaz de pensar e encontrar uma explicação sobre o por que de sua existência, tão desnecessária.

Assim era Dora, temerosa de seus sentimentos, de suas vontades, de seus sonhos. Vítima das suas próprias dúvidas, presa num passado cheio de fantasmas e de inquietudes. Ao contrário do que se pensa apesar de tudo isso, Dora se permitia sonhar, mas, jamais que tais sonhos ultrapassassem a linha do imaginário. Batalhadora, ela sempre traçava linhas e buscava não cruza- las para que não se tornassem confusas como suas ideias e seus pensamentos. Pensas tu, leitor, que contradigo- me. Não, Dora era de fases, vivia de altos e baixos, e alguma vez chagava a uma conclusão que a satisfazia.

Buscava um amor que pudesse preencher os vazios, as lacunas que o tempo foi construindo após cada decepção vivida, buscava fazer escolhas razoavelmente certas que pudesse lhe afastar de um resultado doloroso e frustrante. Buscava ser feliz, mas não se jogava de corpo e alma nas possibilidades.

O que faltava à Dora meus caros, era descobrir que o segredo da felicidade estava guardado não a sete chaves em algum baú do tesouro, mas, que tal felicidade fazia morada em seu coração que a muito andava esquecido, deixado de lado. O segredo que alçaria a tempestade pela qual atravessava seus pensamentos estava escondido na possibilidade de creditar em si mesma, e conhecer- se como ser capaz de amar a si próprio, de reconhecer- se enquanto merecedor de bons sentimentos, de grandes vitórias e de amores inesquecíveis.

Assim era Dora, um mar de expectativas, um milhão de possibilidades e um ser inigualável, mas, ela ainda não sabia de tal coisa.

Helena Pessoa
Enviado por Helena Pessoa em 28/07/2015
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