Epitáfio
Que a ela fosse dedicado ao menos um singelo e poético “aqui jaz”, assim quis Helena, e com um olhar sôfrego e a alma cansada despediu-se da vida que sempre lhe exigiu muito mais do que ela suportava. Um desejo apenas pulsou em seu coração durante a sua estada entre os homens, alcançar a alegria de ter um verdadeiro amor. Pobre mulher, jamais alcançara tal propósito, jamais em seu coração palpitou algo mais forte que a esperança de que um dia seu sonho se realizaria, jamais seus olhos brilharam ardentemente com as chamas do fogo da paixão.
Helena em sua única e inútil busca, jamais se percebeu capaz de cultivar outros sentimentos, nunca permitiu- se alicerçar seu plano de vida em outras possibilidades, sem segundas ou terceiras opções, delimitava- se tão e somente aos seus sonhos da donzela em busca do seu amado que um dia chegaria e mudaria por completo toda a sua história. Sim, estava presa a um conto de fadas, a uma maravilha que apenas nas mais belas obras, narradas com o coração poderia esclarecer.
Aquela doce jovem, nada mais era e nada mais foi que uma sonhadora compulsiva, que devorava desejos, vivia aos suspiros, entregava- se aos delírios e findou em sua tão literária e melancólica solidão.
Aqui jaz, de toda poesia, um verso de amor, um poeta, sonhador. Aqui jaz Helena