empório VI

Eu andei por aí – não encontrei ninguém – nem fui caçado por qualquer milícia.

Na aventura de meu sonho – viajei – conheci lugares lindos – desfrutei.

Gosto do Brasil – como um filho gosta do pai – presente – correto - disciplinado e “sisudo” nas horas de aprendizado.

Sou livre – tenho passaporte – sou carimbado para ir onde quiser – mas não disseram que era preciso dinheiro.

Eu disse a platéia que era democrático, como tal era capaz de entender qualquer coisa, mas esqueci de dizer que sentar na minha mesa era proibido.

Doei minhas roupas usadas, porém a pessoa agraciada não gostou, disse que poderiam ser novas, já que o doador era rico.

Discurso longo – povo cansado. Ação demorada povo feliz. Discurso falso – político cassado. Promessa cumprida – candidato reeleito.

Casa do povo. A porta terá que está aberta. Não vale somente a placa: “entre ar condicionado”.

Cada mentira corresponde a um pedaço do mentiroso. Não demora muito haverá abundância de mentira e falta de corpo.

Fale de si com bastante propriedade e dos outros com bastante reserva. O inverso poderá ser perigoso.

Atire pensando que o alvo poderia ser você. Não me refiro a arma de fogo.

Faça um discurso sóbrio – rápido – não canse a platéia – fale da vida – não procure palavras difíceis. Poderá correr o risco de ser crucificado pelo uso indevido do vernáculo.

A tristeza nos ronda – está no ar – procura um corpo para baixar. Para se defender use a fórmula mágica de amar.

atanazio mario fernandes Lameira
Enviado por atanazio mario fernandes Lameira em 24/09/2005
Reeditado em 30/09/2005
Código do texto: T53331