QUANDO O RIO É NOSSO CÚMPLICE...

Não há areias nem invasores de veraneio

Há margens, há caminhos que nos guiam

Ao sabor de correntes com sons líricos

Uma mistura de choro de criança e afagos solarengos

Palavras que não se ouvem mas se sentem

Como se nos tocassem o rosto assim levemente

Um poema

Um poema que rima com a árvore que bebe do rio

Ou com os ramos que caem nos meus braços

Numa ternura de que só ele é cúmplice

Há momentos em que não se sabe quem chora

Se ele porque a corrente lhe leva águas que não voltam

Se eu perdido num entrelaçado de emoções convulsivas

Apetece-me caminhar de pés descalços

Oferecendo-lhe um pouco de mim

Um pouco que é tudo de mim

O meu corpo

O que me resta de pensamentos magoados

Que lhe conto num segredo inventado

Que ele não guarda

Porque a corrente os varre para o mar

ÂNGELO GOMES – 4/8/2015 – 22h30

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 04/08/2015
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