OLHOS QUE LEEM OS MEUS...

Quantos olhos se cruzam com os meus olhos

Fixos, desviantes, desinteressados

Fruto de caminhos inversos de quem os passeia

Alguns suscitam maior atenção do que outros

Outros sofrem o crivo da pequena distância

Promovendo aquele segundo em que se encaixam

Quase todos, porém, não resistem à erosão do tempo

Raros são os que, passados momentos, ainda se recordam

Mas os teus, os teus são como lentes de grande alcance

Que leem os meus até às profundezas do âmago

São radares que registam os passos que me preparo para dar

Ou os pensamentos contidos como pasta de papel

Os teus olhos nos meus são como uma armadilha

Que enreda o felino e o manieta para todo o sempre

Fixos, sagazes, desfolham as páginas de um livro imaginário

Onde constam os mandamentos de toda uma vida

Ou, prefiro ser realista, de uma parte da vida

Os teus olhos que leem os meus

E os fazem sorrir como um toque de magia.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 10/08/2015
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