O jogo de cada dia

Viver é um jogo diário. Caramba, muiitas vezes perdemos, outras vezes empatamos e outras vezes vencemos.

O maior problema nesse jogo é quando se perde com frequência.

Lembro-me de uma história de um grande dono de uma rinha de cachorros. Ele possui duas feras da rinha: um cachorro preto e um cachorro branco.

Na véspera da rinha, ele alimentava mais um cachorro que o outro.

Então, no dia da competição, ele apostava todas suas forças no cachorro alimentado e o outro, obviamente, perdia a competição.

Na vida também é assim, mas acontece muita coisa diferente conforme ou disforme esta história.

O cachorro preto, digamos, é o mal. Já o cachorro branco, é o bem. Em muitas ocasiões da nossa vida ora alimentamos um cachorro em detrimento do outro e ora alimentamos o outro em detrimento do um.

Sendo assim, sofremos uma série de consequências ruins e boas fruto da nossa escolha do cachorro do bem ou do mal.

Jogamos com tudo que está em nossa volta, inclusive com nosso corpo, com nosso intelecto, com nosso dinheiro, enfim, com nossos bens materiais.

O maior problema nesse jogo que as vezes perdemos.

Ninguém gosta de perder, ainda que seja no jogo de purrinha. Mas perdemos já no nosso nascimento. Isso parece ser até estranho para nós, para nosso entendimento, mas na verdade é uma pura verdade.

Quando nascemos em um berço rico ou quando nascemos em um berço pobre, levamos para o resto da vida a cultura, as oportunidades, o dinheiro(em muitos casos) e todas as outras coisas que um lar rico ou um lar pobre nos proporciona.

Não escolhemos e digo, infelizmente, o lar que nascemos. Não quero ser hipócrita e dizer que gostaria de nascer num lar pobre. Ninguém gostaria ou gosta de ser pobre.

Quando estudamos economia, logo vemos que Pareto tinha completa razão quando nos ensinou, em seu diagrama, que o mundo está dividido em duas partes: de um lado vinte da população mundial detem oitenta por cento de todas as riquezas do mundo e, por outro lado, oitenta por cento da população mundial detem vinte por cento de todos os recursos do mundo.

No jogo da vida também é assim, apenas vinte por cento são felizardos e os outros oitenta por cento não são.

Quando se estuda o caso de uma pessoa que nasceu no continente africano, percebe-se que lá o cidadão não tem condições para viver uma vida digna. Já para aquele branco que nasceu numa família rica nos Estados Unidos da América, esse tem uma vida digna e repleta de prazeres em todos os sentidos. Não quero dizer com isso que quem é pobre não tem prazeres, jamais diria isso.

Com certeza que os pobres também tem prazeres. Entretanto em menor quantidade porque perdem para os ricos em sua plenitude prazeirística.

É fato que nesse jogo pela inserção no mundo em todas as suas manifestações o homem pobre não tem a mesma oportunidade do homem rico. O pobre vive perdendo para o rico. Só em poucos casos que o rico perde para o pobre na competição que se estabelece diariamente.

Um trabalhador comum vive a vida de "cão". Acorda geralmente cedo para trabalhar longe. De início já passa horas dentro da condução e aqui vale uma reflexão em particular: nunca a maioria dos trabalhadores mais pobres da sociedade vai conseguir dormir oito horas por dia, trabalhar oito horas por dia e ter oito horas de lazer por dia. Ele já está "enrolado" ao extremo com tanta coisa que tole a capacidade dele viver melhor e livre para fazer o que se quer.

Além disso, diga-se de passagem, o pobre ainda ganha mal. Tem muitos filhos. Mora em lugar de difício acesso. Não cuida da saúde(não tem dinheiro nem para comer direito). Não estuda em escola de qualidade. Vive a vida adoidado. O pobre vive de teimoso que é.

Por outro lado, o rico ganha bem. Tem poucos filhos, mas se tiver muitos pode criar pelo dinheiro que tem. Mora geralmente em lugar de fácil acesso, com muita segurança e com a atenção dobrada, triplicada ou muitiplicada pela quantidade que for na estrutura física interna e externamente do seu habitat. Tem os melhores hospitais e médicos para atendê-lo. Come alimentos com pouca caloria(usa a inteligência e o dinheiro para isso). Estuda nas escolas de alta qualidade, em muitos casos vai estudar no exterior. Vive a vida em sua plenitude.

Nessa disputa o pobre não tem vez frente ao rico.

Que jogo desleal. Parece que o dado do jogo não é honesto, sempre tende para o lado do rico.

O rico empata somente com o pobre no enterro, pois é lá que os homens se igualam. Mas depois de morto o rico ainda tem um enterro de celebridade. Já o pobre, muitos deles, são enterrados como indigentes.

Ora, não haverá vitórias para os pobres. Nem derrota para os ricos.

Quando eles vão empatar nesse jogo? Só mesmo quando têm que usar o sanitário ou ter suas necessidades fisiológicas atendidas.

O pobre vence o rico sim, mas em uma disputa implacável e negativa. Quem assalta mais os pedestres, os usuários de ônibus das cidades do Brasil? Quem é que tem mais filhos? Quem são os analfabetos do nosso país? Quem ganha um salário baixo? Quem mora em lugar de difícil acesso? Quem não tem muitas perspectivas de vida?

Não preciso de responder essas perguntas de forma alguma.

Elas são a realidade social que por toda vida atravessou esse mundo de século para século por meio da dominação dos ricos sobre os pobres. A escol sempre foi e sempre será a detentora do capital e o pobre trabalhador o detentor da mão-de-obra "escrava"(antigamente o escravo era cuidado, vivia dentro da senzala e isso custava dinheiro para o seu senhor. Hoje, o dinheiro que seria gasto com o escravo na senzala, é pago ao trabalhador para ele exercer uma atividade. Ele mesmo paga a sua manutenção que o senhor pagaria e, muitas vezes, não sobre dinheiro algum).

Essas palavras não são palavras de preconceito jamais. São palavras de reflexão sobre a diferença entre o modo de vida dos pobres e ricos nessa sociedade que deveria tratar a todos de igual ou de desigual modo como o direito advoga: tratar iguais como iguais e desiguais como desiguais. Todavia isso não acontece na prática.

Quem tem dinheiro(deus do mundo) consegue alcançar coisas que só o dinheiro compra.

Uma coisa é certa: ainda que seja pobre, ainda que seja rico, todos são feitos da memas matéria: um corpo e um intelecto. O espírito depende da crença de cada um.

Joga-se bem, mas o resultado é diferente e desigual. O rico vence até de W.O. E o pobre perde ainda que faça o esforço incomum.

A vida é dura para quem é mole e pobre. Mas a vida e mole para quem é rico.

Sendo assim, a socieadade é dividida entre os pobres e os ricos, não há classe social só as dos pobres e as dos ricos.

Tentar ganhar muito dinheiro depende do esforço e haja esforço e do acaso( só se o acaso nos proteger).

Pular de uma classe para outra é como pular de uma abismo ou tentar subir após a queda. O rico cai quando empobrece e o pobre(desde nascituro) tenta subir do abismo que nasceu. Mas, uma vez nascido no abismo, dificilmente se sai dele.

O jogo sempre termina com o pobre em desvantagem e o rico em superioridade.

Filósofo místico
Enviado por Filósofo místico em 20/06/2007
Reeditado em 20/06/2007
Código do texto: T534963