Real

Passo entre as pessoas e faço uma estranha pergunta: Serão estas pessoas reais? O simples fato de andar comer e respirar torna alguém real: E eu? Sou real? Ou sou apenas uma nuvem que, uma vez dissolvida, será como se nunca houvesse estado no mundo? Eu clamo aos céus, pedindo não por uma resposta, mas para que eu tenha a coragem de me encarar e iniciar a jornada mais árdua: a que me levará ao âmago de mim mesma. E que me sucederá, se eu chegar ao fim e tiver a força de saber se sou não real e verdadeira? Irei me amar ou me odiar irremediavelmente por descobrir que não sou nada, nem uma mísera partícula do que eu sempre imaginei ou almejei ser? Que eu não seja uma farsa, uma miserável e suja mentira, que encobre sua feiura usando uma máscara permanentemente colada ao rosto, ou então, que eu tenha a serenidade de me avaliar, entender-me e partir em busca do que me torna real, confiando na minha parte mais instintiva, a qual emana a luz da energia e da autoconfiança, sem medo de penetrar na floresta negra das dúvidas e dos mistérios, presente nos recantos mais profundos de nosso espírito.