HÁ SILÊNCIO EM MIM...
Nas noites frias, de ruas desertas
A cidade calada qual cemitério de portas fechadas
Há silêncio em mim
Em tudo o que faço prevalece o silêncio
Mesmo quando murmuro sei lá porquê
Ou me sinto inquieto nos braços da solidão
Não me ouço mesmo quando vagueio pela casa
E chove…
Vejo pela janela bátegas de água que perecem no chão
Vestidas de seda ou de veludo
Tão leves, tão suaves, sem causarem o mínimo ruído
Porque tudo em mim é silêncio
Porque estar é o meu único sinal de vida
Porque o meu coração pulsa mudo no seu canto
Durmo em silêncio
Mas mesmo que não durma não ouço nada
E há muitas noites em que não durmo
Coberto de mantas que me aconchegam o corpo
E que são cúmplices do parto de um novo dia
Como se nada se tivesse passado
Lá fora o frio cumprimenta-me devagar
A chuva continua a cair com método mas sem chama
Porque tudo em mim é silêncio.