Felizmente, não tenho quaisquer ilusões a meu respeito: Escrevo direito em prosa, não me julgo prosadora; Embora, se me ponha a "poetar" saia coisa que preste, não me julgo poeta; Canto certinho, não me julgo cantora; Como dona de casa, valha-me Cristo; Como filha tenho deixado muitíssimo a desejar... Profissional hoje sou, de coisa nenhuma; Certezas não tenho de nada... Nasci para não competir por nada... e parando por aqui para não entrar em territórios mais delicados compreendi, muito claramente, por uma espécie de insight, que sou ninguém, mesmo. Paradoxalmente, senti grande orgulho e alívio ao compreender que sou esse ninguém - Não peço a ninguém rsrsrs que tente compreender isso que escrevo neste aqui e neste agora. De tudo avulta, sim, uma certeza: Almejo - por que não dizer? - que gostem de mim, mas, só por gostarem de mim, não por acharem que eu seja alguém, isto ou aquilo. Almejo que me respeitem, sim, que respeito, em sentido amplo, não meramente moralista, creio seja o mais alto gesto de amor. Que me respeitem em tudo isso que digo que não sou que, sei, é também um modo de ser. Não existe falsa modéstia em nada disso que escrevo, nem espero que me venham tentar convencer do contrário. Julgo ser este momento de muita lucidez, da lucidez que não venho tendo há muito tempo. Não há desvario algum, nem baixa autoestima nestas palavras; o que há é uma compreensão e aceitação de legítimo cunho filosófico, pela negação, não pela afirmação.
        Para terminar esse "discurso" que é, na verdade, um desvelamento, só deixo aqui a palavra "alívio", que define muito bem o que sinto neste momento. Alívio porque me dispenso, deveras, da tarefa de ter que provar, ou não, de mim, o que quer que seja, a ninguém, tampouco a mim mesma.
        Obrigada e desculpem, amigos, por toda essa lenga-lenga.


            
Boa noite e feliz semana a todos.