Antes de tudo, ame-se

Alguém importante um dia me disse: "Não posso fazer a minha felicidade a partir de outro".

Isso é o equivalente a dizer: "vamos dar um tempo" ou "não tem nada errado com você, o culpado sou eu".

Um jeito educado de dispensar alguém.

Eu entendi à época. Entendi das duas maneiras. A primeira, foi a forma diplomática com que ele disse que a conversa acabava ali.

Teria sido mais fácil dizer que o relacionamento não tinha futuro, mas isso soaria muito ruim. Já, dizer que estava em um processo de autoconhecimento para primeiro se amar e depois se dedicar a alguém, soava muito mais maduro, muito mais altruísta.

A segunda coisa que entendi, foi que ele estava certo.

É verdade. Não dá para construir a felicidade ou buscar satisfação baseado no outro. Também não há que se falar em complemento, em "metade da laranja".

Antes de tudo é preciso ter um amor profundo, mas por si mesmo. Quem projeta no outro a responsabilidade de um relacionamento perfeito está fadado ao fracasso. Relacionamentos perfeitos não existem. Aliás, a perfeição não existe, simplesmente porque somos gente; homens e mulheres cheios de arestas, medos, traumas, desejos e uma dose cavalar de ansiedade e impaciência.

Portanto, esperar que um relacionamento seja tão brilhante e irretocável quanto romances de novela é tolice.

Talvez aí resida o motivo de tantas frustrações. Talvez, se pudéssemos olhar nossos companheiros e companheiras com mais realismo e menos fantasia fôssemos mais tranquilos e, quem sabe, até mais felizes.

Também é preciso compreender que amor não é aquilo que só aparece nos bons momentos quando tudo dá certo e a vida está maravilhosa.

Quem está disposto a amar tem que saber de cara que a coisa é complicada. Existirão dias de guerra, dias de enxaqueca, de humor ruim, de problemas na família e de crises existenciais.

Também ocorrerão períodos de grana curta, de filhos rebeldes, de falas e de caras azedas. Tudo isso faz parte e constitui o que se chama "relacionamento".

Assim, o quadro é claro: se não há tolerância ou se quer uma vida tranquila onde inquietação, questionamento, indisposição e até TPM não existam, aí vai uma triste notícia: você tem uma chance muito grande de morrer sozinho(a) ou, na melhor das hipóteses, passar por uns cinco ou seis casamentos até compreender e aceitar que você também é chato, implicante e tem defeitos como qualquer ser que habita este planeta.

Relacionamentos são complicados. Exigem atenção, cuidado e paciência.

Impossível, portanto, buscar ser feliz com base no outro, no que ele oferece ou em quem ele é.

Meu amigo (e eterno amor) estava certo quando proferiu a frase terrível naquela noite de segunda-feira. "É impossível fazer sua felicidade com base em alguém".

E isto vale para todos.

Então, ame-se antes de tudo! Faça as coisas que gosta, seja autêntico, seja bom com você antes de ser com qualquer outra pessoa. Cuide-se, respeite-se!

Seja carinhoso com seu corpo e sua alma. Jamais se corrompa, se anule, se troque ou se diminua. Não seja intolerante com você, não sucumba à fraqueza e nem se sinta idiota.

Olhe no espelho e tenha orgulho e alegria de se ver e de ser quem você é com todas as suas imperfeições mas também com toda a riqueza que só você carrega.

Viva-se plenamente! E desfrute de toda a beleza de ser você mesmo.

Depois disso, amar alguém é muito fácil, porque, tenha certeza, você terá absolutamente tudo para oferecer e não precisará de quase nada para seguir sorrindo vida afora.

Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 07/09/2015
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T5374354
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