DESTINO ALGO KAFKIANO
Republicação - Texto de novembro de 2009


 
           Creio não haja ser humano que, em algum momento de sua vida, não se tenha sentido personagem kafkiano, julgado e condenado, sem escapatória, por crime inacessível a lembrança nem a consciência. Assim me sinto, desde que nasci; já existia este destino no olhar acuado da menina de sete anos, no da adolescente de quatorze e na de vinte e um, no da jovem mulher de vinte e oito e no daquela que, aos trinta e cinco vislumbrou, com alguma clareza já, a ré condenada, inapelavelmente, por crime(s) de cuja ocorrência, ou não, jamais haverá de se lembrar. O que também sei, porque tentei, mais de uma vez, mais de duas vezes, é que não houve Psicanálise que desse conta disso tudo.Traumas de infância não dão conta de tudo, não dão, mesmo.
                            
                   Na manhã de 4 de novembro de 2009.