DO FINGIMENTO POÉTICO


Nota. Sobre alguém que não pertence nem jamais pertenceu ao Recanto das Letras.

                   Republicação - Escrita de 2011



 
         Tua poesia sempre entre o fingimento poético e o puro depoimento calcado sobre a vida real, melhor dizendo, sobre a “vida real”, assim mesmo, entre aspas, cabe melhor. Sempre, sempre na zona de intersecção entre os dois mundos, o da linguagem e o da vida 'per se': linguagem-confissão= linguagem-invenção. Através da tua escrita aprendi e aprendo da minha própria irrealidade, também da irrealidade de boa parte dos seres que me des-compõem.
            Essa “realidade” sobre a qual escrevo assim, com aparente lucidez, tem sido sempre fonte de tanta loucura sem remissão...  de tantos espelhos alucinados... de tanta abdicação de universos que eu já julguei familiares em mim...de tanta perda de referência da que fui antes de te conhecer – nem lembro há quantos séculos isso foi -  que...  meu Deus, não há nada que eu alcance mais (pelo menos agora) para sobre isso, sobre tais Espantos dizer.