SUSPEITO ...

Suspeito que a vida é um lençol de nada

Uma saga de dizeres pré concebidos

Vividos à imagem de um faz de conta

De um que apronta e outro finge que brada !...

Suspeito dos olhares lânguidos e aquecidos

Dos tecidos faciais, das mãos que tremem

Dos corpos esbeltos e sensuais … suspeito

De quilómetros de viagem repartidos.

Suspeito de paixões em comboios de palavras

De canhões que disparam por todos os flancos,

De promessas sazonais, de tombos brancos

Das lágrimas que escorrem e não travas !...

Suspeito dos fins, dos meios, dos princípios

Das ilusões que ingenuamente são criadas

Dos nadas que esvaziam conteúdos sem nexo

Do sexo, das amarras, do adeus … suspeito !...

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 25/06/2007
Código do texto: T540312