THEOSOPHIA E THEOSOFISMO

Helena Petrovna Blavatsky, (1831-1891), ocultista, foi uma destacada estudante e divulgadora da cultura dos povos antigos, especialmente sobre as suas crenças e superstições. Na sua trajetória, ela cavou fundo, com a mais ferrenha obstinação, produzindo uma extensa obra sobre essas culturas, seus conhecimentos, suas tradições e seus pensamentos transcendentes. reunindo tudo, com a ajuda de outras pessoas também interessadas nesses estudos, em milhares de páginas a eles dedicadas, constituindo a sua grande obra denominada Doutrina Secreta. Dessa forma. H.P.B., como costumam chamá-la, é considerada pelos estudiosos que a sucederam, como a precursora dos estudos teosóficos, mediante a fundação da Sociedade Teosófica, que se fundamenta nos seus estudos.

H.P.B., como não podia ser diferente, era uma pessoa muito correta, e em nenhum momento, ela se apresentou como detentora de revelações espirituais próprias, como no caso do extraordinário Teósofo Jacob Boehme, mas sim como uma vigorosa pesquisadora, que coletava essas culturas, dispersas, ordenando-as e concentrando-as em sua obra, facilitando o seu estudo a si mesma, que as pesquisou e as reuniu, assim como a todos os estudiosos, facilitando-lhes o acesso a essa síntese extremamente trabalhosa que realizou, ao longo de muitos anos da sua vida, às vezes exausta e até mesmo adoentada, por conta da sua precária saúde. É um grande mérito, todo seu, que ninguém pode questionar ou tentar arrebatar-lhe, estampado na sua dedicação, encurtando o caminho e facilitando as pesquisas sobre os conhecimentos espirituais.

Quanto a Jacob Boehme, o seu amplo sistema de exposição das revelações espirituais, foi e continua sendo fundamental, para que outros contemplados com revelações compatíveis, obtenham um grande apoio para a melhor interpretação das suas próprias revelações e segura orientação para a forma mais adequada de converter essas revelações numa linguagem mais acessível aos estudiosos da Theosophia, tendo em vista a sua intrínseca e peculiar complexidade, como obstáculos para a sua compreensão, uma vez que a sua profundidade extrapola os limites da racionalidade, evoluindo para a superior esfera essencialmente espiritual, mesmo porque, não se conhece qualquer outro Teósofo que tenha alcançado a extraordinária dimensão espiritual de Jacob Boehme.

A seguir, vamos examinar a palavra Theosophia e a palavra Theosofismo. A primeira significa sabedoria divina, que admite o conhecimento de Deus e das Leis do Universo, obtidos pela revelação divina, enquanto a segunda, denota o caráter das investigações apenas sobre o sentido das revelações teosóficas. À palavra sofisma é atribuído um sentido intrinsecamente pejorativo, o que nos parece injusto, pois uma argumentação que demonstra uma diversidade de interpretações, desde que o objetivo seja apenas uma exposição de idéias analíticas, não caracteriza uma intenção de enganar. Esta diferenciação, para nós, é muito importante, pois podemos operar com estas características, porém, bem intencionados. Todavia, isto não se aplica quanto às denominações teológicas, que se baseiam exclusivamente em sofismas, apesar de não trazer a palavra no nome, e o fazem com o seu sentido capcioso, com a intenção de confundir os seus adeptos e contribuintes, como numa empresa comercial, como se vê na infinidade delas, que surgem como verdadeiras redes de supermercados, espalhadas por todos os cantos, imitando a mais antiga delas. Esse caráter pejorativo do sofisma se originou dos embates de oratória retórica do Tribunal Popular grego, onde era admissível e apreciado o uso de todos os recursos do sofisma, inclusive os ilícitos, para vencer o adversário.

Com relação aos Theosofistas, que evidentemente nada têm a ver com o tribunal grego, e com todo respeito, fazemos apenas a sugestão de saírem dos seus “esconderijos”, onde permanecem atrelados a regras institucionais anacrônicas, aguardando passivamente que surjam os poucos interessados em adquirir os conhecimentos teosóficos, e se tornem agressivos (no sentido exclusivo de atuação externa), como as denominações teológicas, (apenas neste sentido) indo ao encontro das pessoas que buscam tão preciosos conhecimentos. Para instigá-los, seria bom que fizessem uma pesquisa apenas sobre o conhecimento, por parte das pessoas, da palavra Theosophia, e então, ficarão surpresos, ao constatar que quase ninguém conhece sequer essa palavra, o que é um absurdo. Estamos nos últimos suspiros da nossa Geração Cósmica, é tempo de apressar-se no cumprimento da Missão, pois estamos no tempo do exoterismo d.C e não do esoterismo a.C., cabendo-nos observar (Mateus 10;26 – Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido. 27.- O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que lhes é sussurrado ao ouvido, proclamai-o dos telhados). Ora, isso corresponde a não enterrar os talentos recebidos, pois quando se os mantêm ocultos, inacessíveis a outras pessoas, eles se tornam improdutivos e inúteis, servindo de abrigo apenas ao egoísmo de “ocultistas”, que estão encalhados no obscurantismo da Idade Média, modelo adotado pelos políticos da atualidade, para manter o povo na conveniente ignorância. Na esfera espiritual o conhecimento é poder, mas apenas como uma bênção a ser compartilhada sem discriminação, enquanto na esfera racional, onde o conhecimento também é poder, a sua utilização é voltada para obter lucros, impondo o comando militar e econômico, uma vez que a racionalidade não possui a sabedoria e o seu objetivo é essencialmente materialista.

Voltando ao exame das palavras, é necessário distinguir, através das diferentes composições das palavras em pauta, onde em uma, Theo se completa com Sophia, e em outra, Theo se completa com sofisma, evidenciando profunda diferença quanto à significação das palavras compostas. Assim, podemos dizer que Helena Petrovna Blavastky era uma Theosofista, estudiosa e pesquisadora da Theosophia, enquanto Jacob Boehme era um Theósofo que recebeu revelações espirituais pessoalmente, não tendo necessidade de estudar em outras fontes, sobre essas revelações. (Vide I João 2;27) A grande diferença é que o Teósofo, agraciado pelas revelações espirituais, torna-se, involuntariamente, um agente intermediário, expondo essas revelações através de afirmações, sem necessidade de alusões a quaisquer fontes, como objetos de pesquisas, senão a Bíblia, para confirmação. Note-se que nas obras de Jacob Boehme não se encontra menção de quaisquer outras origens, senão as revelações que lhe foram conferidas, assim como não se encontra a menção do advérbio talvez. Essas mesmas condições jamais poderão orientar os procedimentos do Theosofista, que opera exclusivamente com conjecturas ou especulações, baseadas nos seus estudos nas fontes pesquisadas, empenhados na busca pelos conhecimentos e pela sabedoria, ambos encampados pela Theosophia, o que os enaltece, como um dever de todos os que desejam evoluir espiritualmente. Por outro lado, essas circunstâncias estabelecem sérias dificuldades a serem contornadas pelo homem natural e especialmente pelo espiritual, conforme pode ser observado em I Coríntios 2;9 a16, levando-se ainda em conta, que somos cartas escritas (II Coríntios 3;2 a 6) e, sobretudo, dependemos de Jeremias 31;33,34, para que as leis impressas nas tábuas de pedras, emigrem para a tábua de carne, o coração, e que o ministério da morte (II Coríntios 3;7 a 9) seja substituído pelo ministério da Graça, na segunda Aliança. Parece-nos, pois, que a hora é bastante oportuna, para que Theósofos e Theosofistas reúnam as suas forças, tendo em vista a urgente necessidade de alcançar o remanescente. (Romanos 9;27– Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo).

I Coríntios 2;14 – O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são absurdas; e não pode entendê-las, porque se compreendem espiritualmente. 15 – Mas aquele que é espiritual compreende todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém.

Eis que a hora é agora ou nunca, pois nos encontramos nos últimos segundos da nossa Geração, raciocinando em termos do calendário cósmico. Mãos à obra Theósofos e Theosofistas!