BRASIL

Sentado confortavelmente em seu belo carrão, óculos de sol importados, relógio de ouro e anel precioso lapidado, estava o valioso cidadão, sem esperar ser abordado por um homem cativante, mas, um tanto desnorteado, pela dívida, pela dúvida e pela dor da vida sofrida que logo relatou:

“Cidadão, é duro pra mim dizer, que sem nada estou, em casa deixei minha mulher e filhos, bichinhos, sem água pra beber e nada pra comer e, que desempregado estou. Mal vestido, cansado, suado e desesperado, já orei com todo fervor, pedindo a Deus que me ajude, para que eu cruze meu caminho com alguém de bem, como o senhor, que, certamente entenderá que não sou, o que aparentemente devo parecer da maneira sofrida como estou. Ao sair, comi os últimos bocados de farinha com água, e de meu orgulho nada mais restava, apenas sobrando-me o amor para suportar tão árdua caminhada pelo pão para amenizar o sofrimento daqueles que para mim, foi o que restou, o que tenho de maior valor. Me perdoe, pelo incômodo, por favor!”

Ora, quem diria que aquele cidadão, que até pomposo parecia, inversamente à beira da miséria quase estava, devendo tudo que aparentava, menos seu brio, orgulho e valor, comoveu-se, e assim respondeu ao sofredor:

“Ora, você não acreditaria, pelo jeito como estou, que tudo o que aparento ter, tá vendido ou penhorado, e até este carro foi-me emprestado e, nem tenho como lhe ajudar, me perdoe, por favor!”

E respondeu-lhe o esmolador:

“Homem de bem, andei, suei, pedi tanto e tão faminto e cansado estou, que lhe suplico o pouco valor de uma moeda que muito me ajudaria, pois o pouco com Deus, é uma alegria, e muito, meu senhor!"

E o cidadão lhe respondeu:

“Ó, irmão, sabe quem aqui nos meteu? Lembra daquele moço sorridente e conversador, que na sua casa entrou, que do seu pão comeu, de sua água bebeu, e tudo o que lhe prometeu? Foi ele quem trouxe você aqui, e eu, negando-lhe esse pequeno, engrandecido, favor! Foi nele em que você votou! Estou aqui parado e, como você, sem saber o que fazer, desesperado com dívidas de grande valor, por causa daquele infame, desalmado e enganador! Vim procurar quem me deve, que soube, está pior do que estou! E assim estamos no país, quem tinha alguma coisa perdeu e, quem já era pobre se lascou! E para muitos nem a vida restou, ou suicidados pelo desespero da perda do ganha pão do labor! É assim que estamos, só nos restando a esperança e o amor, pois homens como nós dois ainda possuem o respeito do louvor. Me entenda, por não ajudá-lo, por favor!”

Este diálogo realmente ocorreu e um amigo a mim contou, com lágrimas nos olhos, pois foi ele o interlocutor da conversa que para mim narrou, que, também, me emocionou.

O político, em sua astúcia e incapacidade para lidar com a realidade como indivíduo prudente e exemplar, com seu discurso intransigente e extremista, disfarçado de progressista, preâmbulo de sua maquinação, empregando o chavão hipócrita da salvação pela destruição, numa cruel inversão em seu discurso de acusação, usando até a religião na política com o fanatismo da eliminação, pedindo a punição de pares, como ele, infames e maléficos, tornando cada vez mais difícil o viver do cidadão!

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 09/11/2015
Reeditado em 22/08/2017
Código do texto: T5442670
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