A vida

Vinícius sempre me foi uma grande influência, e um de meus mandamentos: “A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros”. Isso me move. A arte como sendo uma subjetivação do externo – para um egoísta como eu, que existe porque pensa – traz uma força motriz de importância dogmática. Uns observam um pôr do sol e sentem necessidade em pintá-lo, descrevê-lo em versos ou tocá-lo em melodias, outros necessitam subjetivá-lo de outro jeito: conhecendo; e essas subjetivações me fazem transformar a existência externa em interna, na ótica do egoísmo de “penso, logo existo”. Essa arte faz o mesmo acontecer com as mais belas pessoas, inspiradoras, que não nos tocam apenas pelos simples sentidos os quais se comunicam com o externo, mas nos tocam o incomunicável eu lírico interno, pela vontade em pintá-las, descrevê-las, tocá-las em músicas... E a minha vontade artística, em subjetivar essas pessoas, é de conhecê-las...

Conhecer pessoas... Essa é a força motriz, o grande objetivo em tudo, haverá imprevistos? Sim... Haverá os desencontros, mas a arte de dar seu próprio toque às relações é sublime. Eu quero conhecer pessoas, por maior que sejam esses desencontros, e por mais numerosos que sejam... E assim vou levando, em olhar reto, nem obtuso a observar a imensidão intangível das estrelas, nem agudo olhando a finitude dos chãos: reto. Com um horizonte cognitivo e artístico. Essa é a vida, composta de frágeis circunstâncias que se coadunam para formar um emaranhado que proporciona aquele conhecer.

Matheus Santos Melo