Desabafos da Madrugada

Hoje me bateu um arrependimento.

Sempre me disseram que se apaixonar era algo inadmissível. Eu sempre soube que era, e disse para mim mesma que nunca me apaixonaria por ninguém. Até que ele chegou como um amigo. A gente transava quando se via, a gente se curtia, e depois ia cada um pro teu canto.

Mas é foda, quando comecei a perceber o que acontecia, neguei pra todo mundo. Então quando ele começou a perceber, no desespero eu disse pra ele que gostava de outro. Sempre disse pra ele que eu jamais me apaixonaria por ninguém, pois tinha medo que ele pensasse que eu era fraca se descobrisse.

Hoje não nos falamos mais. É difícil pra caralho toda essa formalidade pra se cumprimentar quando um conhece o corpo inteiro do outro. Aperto de mãos quando você só se lembra de como era bom quando transavam escondidos no banheiro. Puxão de cabelo, marcas no corpo. E quando cansavam, um bom papo e um bom cigarro de mãos dadas, na cama.

É quando me pergunto: "valeu a pena esconder tudo?". Eu nunca disse pra ele o quanto ele me fazia bem só de ficar do meu lado, ou como eu adorava cada vez que ele me mandava uma das suas músicas diferentes. Ou como eu gostava de ouvir ele cantar, e como o cabelo dele ficava sexy quando estava preso.

E se tivesse sido diferente? E se eu tivesse contado pra ele, deixado claro meus sentimentos? Seria melhor? Será que era recíproco?

Nesse "e se" cabem um milhão de possibilidades que, infelizmente, eu nunca vou descobrir. Tudo por ter sido ensinada que demonstrar sentimentos é uma coisa ruim.