Somos o que somos

 
Somos o que somos. Por mais que tentemos mudar, por mais que venhamos a mudar, há uma tônica essencial em nós impossível de ser alterada plenamente. Eu, por exemplo, sempre fui, essencialmente, um ser propenso ao Sonho e nunca houve real que amortecesse isso pra valer, muito menos real que desse conta de nenhum dos meus sonhos... de nenhum... O real, para seres como eu, é sempre algo parco demais, por mais 'rico' que pareça ser...e em certos tempos da vida, que muitas vezes se alongam por... séculos... (e não se pode fazer quase coisa nenhuma quanto a esse 'prolongamento') é paupérrimo mesmo, em quase todos os sentidos. Se o sonho pode sufocar, não há nada que se possa comparar ao sufocamento sem saída de certos tipos de real nos quais nem palavras de alento têm mais qualquer poder de alentar, real em que ainda se escreve, quase só pelo hábito de  se escrever, como se toma café de manhã, se vai ao banheiro, toma-se banho, escova-se os  dentes... e olhe lá! Hábitos quase mecânicos... Escrever... escrever... Ora... ora... Se eu pudera, se eu conseguira, desistira disso também...