Memórias e ação

Pra quê?

Ainda tem muito a saber, mãe

E de tantas perguntas, esta que

Me trás angústia: "pra quê? "

Sou tantos em mim mesmo,

Surreal encontro ascendente

Do real e o indivisível

No pulsar incessante que

Ziguezagueia minha mente,

Do ponto à tríade inacessível

Que da forma a tanta gente

Encontro no chão

Do quarto dos meus pais

Meus cinco anos de sono,

Vendo pensamentos através dos quais tudo tem cor, odor e sabor

Há vida

E ainda dor;

No teatro eterno da morte.

Me ponho à tocar minha memória,

Mas, por sorte;

Não percebo quando ela me toca

Ou mesmo

Quando o ar carregado

De poeira e saber

Da alma alheia

Traz-me a vontade

De saber o que querer,

Pra quê ?

(A tinta da caneta

Desfila o tempo

Numa folha de papiro

A completude do agora

E meu EU recém-criado

À morrer nesta overdose.)

Mas, por que?

Te contar o que sinto

E a verdade é fingir que minto,

Tudo que sou em sonho

E ao pensar desisto.

Ora, pra quê...?!

O sorriso dela ainda

Ilumina o percurso

A viagem pra dentro e suas

Armadilhas.

Sofrer com liberdade,

De escolher o que querer,

É trazer consigo a dor

De não saber pra quê.

Wan Carlos Firmino
Enviado por Wan Carlos Firmino em 21/03/2016
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