Não quero uma religião...

Não quero uma religião

Que me obrigue a ter uma devoção

Desprendida da minha humanidade.

Não quero a hipocrisia da santimônia,

Só para fazer cerimônia

E ter que fingir uma espiritualidade.

Não quero uma religião

Que me passe a sensação

De que não terei mais adversidade.

Não quero me permitir ser iludido

Por alguem que está perdido,

Naquilo que diz ser verdade.

Não quero uma religião

Que me sufoque o coração,

Em nome de uma falsa espiritualidade.

Não quero um rigor incoerente

E até mesmo inconsequente,

Que tenta esconder do homem a sua humanidade.

Eu quero uma religião

Sim! Que não faça acepção,

Dando deferência só a prosperidade.

Eu quero mesmo é ver o nobre

Não oprimindo o pobre,

Mas o socorrendo em sua necessidade.

Eu quero uma religião

Não apenas de emoção.

Quero viver sim, a fé e a simplicidade.

Eu quero o que o mestre dos mestres ensinou

E cada princípio que ele deixou,

Princípios práticos da verdade.

Eu quero uma religião

Consciente da sua ação

Que encare de frente a realidade

Mesmo que isso signifique sofrer

Ou até mesmo morrer

Por causa da verdade.