- Uma Não Maiêutica
Por dentro vago
No vago da solidão
Do meu próprio eu
Do meu não-padrão.
Compreendo que minha perpétua expiação
Dá-se-á através do meu substrato
Que esquiva-se veementemente
De uma parte substrata de outrem: a vida.
Sua parte perniciosa.
Sou pávida. Assumo.
Por isso, enfeito a palavra ao máximo,
para que poucos saibam,
para que pouco percebam,
para que aos poucos mereçam a necedade distribuída aos montes.
Para que minha filosofia existencial interiorizada,
mesmo através de redundância,
seja ainda mais minha,
Sem maiêutica,
Sem pantomima.
Estou pretendendo, um dia desses qualquer,
Começar a existir.
Librar meu lado ledo e leigo,
Viver sem paradigmas
E só com pontos de partida.
Almejando o tudo e o nada,
Preferindo o porém e mais alguém,
O que não tenho e o que me basta, se é que algo me basta.
Sem pensar em detrimentos,
Sem me importar com o bom senso ou bom comportamento.
Só imiscuir-me no que há em mim,
Nos porquês do indefinível,
Do imaginável,
De um tal querer interminável.
Ignóbil.
Frágil.
Simples?
Mal explicado.
E tão exageradamente arriscado.
Oswaldo de Andrade que me perdoe.
Eu só sei transbordar.