- Uma Não Maiêutica

Por dentro vago

No vago da solidão

Do meu próprio eu

Do meu não-padrão.

Compreendo que minha perpétua expiação

Dá-se-á através do meu substrato

Que esquiva-se veementemente

De uma parte substrata de outrem: a vida.

Sua parte perniciosa.

Sou pávida. Assumo.

Por isso, enfeito a palavra ao máximo,

para que poucos saibam,

para que pouco percebam,

para que aos poucos mereçam a necedade distribuída aos montes.

Para que minha filosofia existencial interiorizada,

mesmo através de redundância,

seja ainda mais minha,

Sem maiêutica,

Sem pantomima.

Estou pretendendo, um dia desses qualquer,

Começar a existir.

Librar meu lado ledo e leigo,

Viver sem paradigmas

E só com pontos de partida.

Almejando o tudo e o nada,

Preferindo o porém e mais alguém,

O que não tenho e o que me basta, se é que algo me basta.

Sem pensar em detrimentos,

Sem me importar com o bom senso ou bom comportamento.

Só imiscuir-me no que há em mim,

Nos porquês do indefinível,

Do imaginável,

De um tal querer interminável.

Ignóbil.

Frágil.

Simples?

Mal explicado.

E tão exageradamente arriscado.

Oswaldo de Andrade que me perdoe.

Eu só sei transbordar.

Thayná Nogueira
Enviado por Thayná Nogueira em 23/04/2016
Reeditado em 02/07/2020
Código do texto: T5613990
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