Reflexões de um Ancião

É uma pena, dizia sempre meu avô enquanto observava essa geração.

Seus olhos lacrimejavam, e no seu silêncio meditativo, suas poucas palavras o velho ancião balbuciava. 

És um espelho com imagens distorcidas, de um passado que um dia foi bom.

Reflexos de imagens do passado, feito por passos acelerados e o caminhar lento indignado que um só pobre coitado sofria naquele momento.

Seria eu o senhor que errou o julgamento, onde mora agora aquele velho sentimento.

Sim era um tempo em que se sabia amar, também os momentos que se sabia esperar. Parecia ruim, mas tudo era perfeito, será que ainda tem jeito.

Perfeito, seria perfeito se o mundo nos ensinasse. que até os grandes barões usam mascaras, e se escondem atrás de seus medos, sob uma camuflagem em forma de imagem de poder.

Coitados são apenas crianças com armas na mão, iludidos pelo desejo insano de controle, mas sufocados por essa juventude alienada.

Mas isso não é o problema desse enredo, pois antigamente a musica tocava mais alto para aqueles que eram mais sábios.

Gostaria de ter sido assim tão sábio, e não aquele garotinho simples que ia sempre à missa aos domingos, correndo pelos campos de arroz sendo criado no terreiro da velha fazenda.

Crioulos assim somos nós, assim eu também era chamado, presos em nossos sarcasmos, criados e rejeitados somos.

Pobres e retardados, somos feito de carne e osso, mais o que sobra é apenas essa consciência que me deixa a pensar que não fui nada nessa vida de Deus.

Mesmo assim graças a Deus, mesmo naquela miséria, a vida era séria.

Só que o que me mata é ver aqueles meninos de ontem vivendo o amanhã de uma maneira tão mundana, tão insana.

Em mundo tão indiferente e cruel, Onde os beijos tem um sabor tão amargo que parece fel. Pobre velho, assim eu sou, deito na cama e fico preso nos meus erros..

E em se falar de erros, o que é o erro perto desse resíduo social onde eu vivo.

Sinto-me como eles um lixo, um bicho vivendo em um nicho.

Mas eu ainda não virei essa barata que percorre as ruas sombrias dessa noite tão escura, que até as estrelas se recusam a brilhar.

Sei que vale a pena viver, mas e esses meninos aonde vão parar. Será que um dia saberão caminhar.

Pequenos projetos da ilusão de um mundo perfeito é o que são. Escravos inconscientes dessa tal de televisão.

Pequenas prostitutas que vivem as noites, como insetos que sobrevoam a redor da luz dos cabarés.

Agora me calo nesse entardecer. Pois o que vale apena mesmo é viver esse momento de desabafo de um pobre coitado sem razão.

Apenas um momento filosófico de um velho ancião.

Daniela Danzi e Claudinei Sousa
Enviado por Daniela Danzi em 04/05/2016
Reeditado em 04/05/2016
Código do texto: T5624557
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