Tributo

Tem dias que levantar da cama é um dos meus atos mais corajosos. Só queria ficar ali afundada nas cobertas, coberta de lembranças nostálgicas que me levam pra o fundo de um poço de sentimentos, ressentimentos, amargura e loucura. Não lembrar você é quase como conseguir prender a respiração pelo maior tempo possível. E convenhamos, a gente prende até não aguentar mais, mas uma hora solta mesmo querendo continuar segurando, pra provar que somos fortes o suficiente pra fazê-lo.

Assim funciona com essas lembranças suas. Tem dias me forço num esforço sobre humano pra não deixar que qualquer resquício de você consiga me dominar. Mas ai que está: é nisso que eu me lembro e caio mais uma vez. Nesses dias eu faço praticamente um tributo a você com todas as músicas que façam eu te sentir. E esse sentir é quase como uma automutilação. Corta tudo por dentro, sufoca, me deixa em estado vegetativo. Às vezes seco algumas garrafas de qualquer bebida que seja mais forte que essa saudade de você.

Não vou ser hipócrita e dizer que saber que está feliz me conforta. Hoje faz exatamente quatro meses desde que você partiu. Isso inclui o que eu costumava chamar de coração.