Entre esmaltes e batons.

Não sou muito ligada à maquiagem. Não que não goste, mas não tenho paciência para esse ritual de lápis, base, pó, rímel, delineador, batom etc... As vezes, na pressa, passo um lápis, um batom e pronto. Agora, lavar o rosto com um bom sabonete, secar com um pano bem limpo e macio, e hidratar, disso eu não abro mão.

Já fui criticada por sair sem maquiagem. Uma aluna outro dia me disse: "Professora, você tem que se arrumar mais, fazer uma make, soltar esse cabelo, usar um salto. Você é uma moça muito bonita pra sair por aí de qualquer jeito". Tadinha. É só uma criança que queria me "ajudar". (Aliás, me assusto como essas crianças se assanham com essas coisas cada vez mais cedo).

Agora, quer ver eu virar o capeta, é quando uma adulta cisma que eu preciso "me cuidar mais", rebocando a cara; com aquele ar de desdém, como se eu tivesse tanta necessidade disso. Eu digo: primeiro que eu não acho que precise, que graças a Deus, por enquanto, dá pra sair na rua sem ficar meia hora em frente ao espelho me preparando antes, e Deus foi generoso comigo, depois que minha vida é muito corrida e não sou muito dada a essas neuras, até porque não vai mudar muita coisa. Me preocupo muito mais com coisas mais importantes como cuidar da minha saúde, ler, ter pensamentos bons, cuidar da minha família, da minha higiene etc.

Em pensar que já fui dessas que não podia ficar uma semana sem fazer as unhas e usar um esmalte diferente. Aff. Graças a Deus isso passou.

Mas observando as pessoas a minha volta, até consigo compreender a urgência e extravagância na vaidade de nossas crianças.

Não confunda isso com falta de amor próprio. Eu cuido de mim muito bem. Gosto do que é belo, e tô satisfeita com o que encontro quando olho no espelho. Tenho bom gosto e até admiro mulheres que arranjam tempo e paciência para esse ritual de maquiagem todos os dias, mesmo trabalhando fora, estudando, cuidando da casa, dos filhos e do marido (e olha que nem tenho marido nem filho pequeno). Mas acho que tudo exagerado faz mal, inclusive a vaidade, ainda mais se isso nos faz prisioneiras de alguma coisa: a chapinha, por exemplo.

"Caramba! Minha unha quebrou. Acabou o dia!" "Chuvaaaa. Ai minha chapinha!!" Não não. Comigo não. Não vou dizer que nunca. Mas hoje preciso ser mais prática.

Mulheres, nós somos lindas como somos. A maquiagem é só um bônus, uma coisinha a mais que até nos confere um certo glamour, mas esse negócio de "indispensável" é papo de propaganda de cosméticos para vender produtos.

Então, se um dia não der tempo de fazer a make, vista um sorriso e saia para suas atividades rotineiras, que maneira de ficar bonita mais barata que essa não existe.

E cuide da sua cultura: leia bons livros, frequente lugares interessantes, assista a bons filmes (e aos ruins também. isso aguça nosso senso crítico), viaje sempre que puder (tente poupar dinheiro para fazer isso ao menos a cada dois anos. Nem precisa ir longe, nossa casa, o Brasil é deslumbrante), ouça boas músicas, desligue a tv. Sim, porque se tem uma maneira bem rápida de uma mulher se tornar feia, mesmo estando com uma maquiagem impecável, é quando abre a boca pra falar besteiras.

Agora com licença que tá quase na hora de trabalhar e eu tenho que enfeitar minha carranca.

Joalice Dias Amorim (Jô)
Enviado por Joalice Dias Amorim (Jô) em 25/05/2016
Reeditado em 08/06/2016
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