O DESEJO DE ASCENSÃO E O MEDO DA EXCOMUNHÃO

O DESEJO DE ASCENSÃO E O MEDO DA EXCOMUNHÃO

A dura realidade dos aspirantes a obreiros nas igrejas cristãs

Ensaio filosófico 38

Escrito pelo Bacharel em Teologia

Estudante de Religiao e Filosofia e

Capelao Ev. Antonio F.Bispo

“Deus tem um grande propósito em sua vida”. “Deus tem um grande ministério em sua vida”. “Vejo você guiando multidões e trazendo muitas almas ao reino de Deus”. “Quem tem promessa de Deus não morre”. “Eis que te escolhi desde o ventre de sua mãe e você pode até tentar escapar, mas eu te trarei nem que seja pelo queixo, com um anzol, pois os meus planos ninguém frustra”, “ Se for preciso Deus vai matar mil, mas você tem de viver pra cumprir os propósitos dele”. “Quem meche no ungido do Senhor, ou se converte, ou corre ou morre”...

O Profeta fala. Um silêncio profundo no ambiente. Os corações palpitam. Uma onda de adrenalina percorre o corpo dos fiéis. Toda igreja irrompe em labrachuarias, pulos, rodopios, cotoveladas, aviõezinhos e todo espetáculo circense quando o “espírito” se manifesta em algumas concentrações religiosas, com o intuito de reforçar a fé do aspirante a obreiro, a permanecer na busca de sua função até que lhe seja dado seu ministério.

“Profecias” como as que citei acima, são realidade diárias na maioria dos templos evangélicos de estilo pentecostal, neo-pentecostal ou extremistas radicais nesse imenso país. Essas frases sem pé e sem cabeça servem apenas para massagear o ego dos que houve, ou demonstrar a platéia, que ali também tem um “futuro ungido” e desde já, aquela pessoa qual recebeu tal “profecia”, merece um tratamento mais respeitoso mediante os demais, pois naquela vida já foi derramado uma unção especial e dali sairá um futuro pastor, missionário, pregador, ou alguém que saiba “tocar fogo” na seara do Senhor. Meros ditos de rituais de transição incorporados pelo grupo. Ditos e profecias tais, que anulam de imediato a própria crença na bíblia, na fé cristã, nos ensinamentos de Cristo ou na idéia do Deus bondoso, misericordioso, justo e que dá livre arbítrio aos homens. O livro que segundo o próprio grupo é a autoridade máxima, é jogado no lixo mediante falas como as que repeti acima.

Há pouco menos de 3 anos, fiquei muito pensativo com um fato que aconteceu, com um conhecido de longas datas, que também vivia baseado nessas promessas e profecias que iniciei esse texto desde sua infancia. Um sujeito que há mais de 30 anos, estava na igreja, sendo fiel em tudo que lhe era exigido, sendo uma pessoa exemplar, um bom pai, um bom esposo, um bom filho, um bom servo, um bom obreiro. Por mais de 30 anos na mesma função, esperando na “graça” para Deus tocar no coração do líder do ministério dele, e o promover a uma posição um pouquinho maior. Numa escala de 1-9 na hierarquia da igreja dele, ele passara 30 anos entre o nível 1 e 2. Se ele chegasse pelo menos no nível 4 desse ministério estava satisfeito, mas nem o nível 3 ainda alcançara. O líder maior dizia apenas que Deus ainda não tocara no coração da liderança para promovê-lo. Após fazer uma leitura rápida, e constatar que pessoas com bem menos tempo ou vida exemplar que ele, em até 6 meses já estava na função que em 30 anos ele não estava, esse sujeito da qual me refiro, entrou em depressão e rapidamente foi tomado pela insanidade mental. Literalmente ficou louco, comprovado clinicamente. Junto a psicólogos que o acompanharam, ele soluçava, chorava e dizia apenas que Deus não achara graça em lhe dar uma função maior e ele era um inútil. Quanta inocência! Em conversa com os lideres da igreja, o psicólogo passou a informação a liderança, que rapidamente tratou em colocá-lo no nível 5 da hierarquia daquela igreja. Ao receber a noticia no hospital que “Deus” havia se lembrado dele, o sujeito recobrou sua sanidade mental, e hoje é um servo mais feliz, mais obediente, mas amado, amando mais e “vivendo mais na graça” que anteriormente, pois aconteceu um milagre e o “Todo Poderoso” se lembrou dele.

Em conversa com outros obreiros do ministério dele, foi me dito secretamente, que o “cabeça” daquela igreja, fez isso apenas para não escandalizar o ministério, pois gente de fora se condoeu com aquela historia, e não por que realmente a liderança se importasse em lhe dar uma função maior naquela igreja, porem na cabeça daquele inocente, ele tem a plena certeza que foi agraciada pelos céus do mesmo modo que foi Sara, Ana, Maria, Josué, Gideão e tantos outros. Uma mistura de inocência e ingenuidade. A mesma que faz seus dias serem mais lindos quando você é um mero obediente cego, ou que faz os dias mais negro quando você percebe como realmente as coisas funcionam.

Casos como esses vemos as dezenas e centenas em todo lugar em que haja uma igreja Cristã nos modelos ocidentais, que ao contrario do que se pensa não é em Cristo ou nos apóstolos que se alicerça, mas no próprio modelo que os tais dizem ser modelos pagãos.

Em oposição aos ensinamentos de Cristo, cria-se a idéia em todos os fiéis, que quanto mais você sobe de função na igreja e quantos mais cargos você tem, mais próximo você fica do Criador, e mais afinidade terá com as hostes celestiais. Essas afinidades te darão poderes especiais do tipo: desejar que alguém morra só por que te fez uma critica ou observação; entrar nos lares alheios para concertar a vida dos outros quando sua própria vida estar um lixo; enxergar diabo e membros genitais nos produtos alimentícios, desenhos das Disney e todo tipo de literatura que não seja produzida pela própria entidade denominacional, etc.. Essas afinidades com o reino dos céus que se adquire ao mudar de cargos nas igrejas, também é tido como direito a fé publica e palavra de confiança, no caso de um sujeito de levantar falso testemunho contra outrem e ser aceito de imediato simplesmente por ser um obreiro e não precisar provar nada quando interrogado por algum erro feito e simplesmente negar tudo, e ser aceito como verdade, mesmo com dezenas de evidencias que provam o contrario.

Na verdade, o tipo de ministério, autoridade, unção ou função que se oferecem nas igrejas, tem validade apenas naquele circulo. Há situações em que nem no povoado ou cidade vizinha do próprio ministério, o obreiro maior que lá preside, poderá pegar todos os seus títulos e funções e reduzi-las a esterco te deixando mais frustrado ainda. Em uma cidade você é o gerente de uma parte da boiada, na outra você é apenas peão se o líder não for com sua cara. Esse não é um modelo de função como ensinado por Cristo nos evangelhos, em que a área de abrangência e atuação de um cristão não se resume a um líder, um ministério, ou em quatro paredes na hora do culto, mas o modelo de ser obreiro ensinado por Aquele que dizem ser o messias, vai totalmente de encontro ao modelo daqueles que compraram a “franquia” de igrejas hoje e dirige seus negócios apenas para servir a própria instituição e não da pratica da justiça, amor e paz, como ensinou Jesus. O modelo de Cristo tirava os obstáculos para a pessoa se chegar a Deus. Nos modelos atuais, cria-se obstáculos, cada uma com seu preço, todas pagas a corporação de acordo com o nível hierárquico, para depois, se o chefe daquele setor se engraçar de você, te deixará entrar no paraíso, caso contrário fará de sua vida um inferno de todas as formas possíveis.

O modelo de hierarquia que hoje preside nas igrejas, é apenas uma replica da igreja católica, que teve como modelo original o governos dos imperadores romanos e anteriores a esta. Não é em Cristo ou seus ensinamentos, mas em Cesar e em Roma que o modelo atual estar baseado.

No modelo de Roma ( e da atual igreja) cada classe é servida por uma subclasse até chegar a ralé. Do escravo ao imperador, um extrai do outro sua fonte de energia, riqueza ou poder, no intuito de ofertar aquele que estar em cima, para que quando aquele outro subir de degrau traga seu súdito ao degrau que anteriormente ele ocupava. Em cada nível que se sobe, requer fidelidade daquele que ocupará o cargo que estar abaixo de si, pois é das classes mais baixas que emanam todo o poder, e por isso se querer fidelidade de cada um que sobe mais um pouco pois em caso de revolta, cada um defenderá o posto do seu superior para não ser destronado. Nesse modelo, o posto mais alto era o do imperador, que depois passou a ser o papa, nas igrejas evangélicas eles são chamado de Bispos, Apóstolos ou pastores presidentes. A nomenclatura é diferente, mas a função e intenção é a mesma. Nesse modelo de hierarquia, o que faz alguém ascender em nível, não é o serviço prestado a comunidade como ensinou e fazia Jesus, mas é o nível de fidelidade prestado aos lideres superiores, cada um por sua vez. Ninguém sobe de função nesse modelo de governo, se não concordar ou executar as ordens vindas de cima. Questionar ou querer saber o por que de algo torna-se um escândalo. Proteger a imagem do líder, mesmo quando o mesmo seja um porco ganancioso é outra característica desse modo de regime. Eu não estou falando grego aqui, todos quantos convivem com lideres desse tipo sabe do que falo. Outra característica marcante nesse modelo, é a colheita freqüente de pensamento e opiniões da membresia, não para saber suas necessidades e supri-las, mas pra ver ainda em um ponto longínquo, alguém discorda de algo proferido pelo líder. Constroe-se assim a idéia de que os membros são a classe mais baixa e menos importante, mas ao contrario, esta é a classe que mantém todo o sistema funcionando, a base da cadeia alimentar desse modelo de governo. Um único membro, no mais baixo grau da torre que se rebela e leva outros a pensarem por si só e ver onde estão pisando é capaz de fazer ruir toda estrutura, e fazer cair todas as demais hierarquia quem vem acima uma após outra. Se o que mantém esses ministérios funcionando é o dizimo e/ou obediência cega as demais castas, essa por sua vez, a menos significante é a mais poderosa de todas. Por esta razão foi importante para Roma deter a todo custo Espartacus e todo escravo que se negou a trabalhar de graça e ser tratado como lixo por aqueles que eles devotavam suas vidas.

No modelo ensinado por Jesus, não há servos nem senhores: todos são iguais e todos trabalham para o bem comum. Jesus citava que ao que mais foi dado mais é exigido, e aquele que quiser ser o maior, deverá ser o menor entre todos. A aspiração por cargos e posições de lideranças é coisa infantil mediante ao que Cristo ensinou. Por ele nunca foi menosprezado liderança nenhuma em seu governo, nem sub-estimada demais ou bajulada. Foi dado o respeito que cabia a cada um. Como cada membro, cada dedo, cada célula de um corpo tem sua função e não são não mais ou menos importante entre elas, pois todos desempenham funções que dependem de outras, e todas precisam do ar, da água ou dos alimentos que ingerimos, assim também todo servidor de Cristo não bajula e não menospreza liderança nenhuma, mas despreza os que com ar de grandeza buscam o domínio dos demais. Quando um doente pelo poder não acha bajuladores tende a mudar seu comportamento para um nível mais baixo.

Pouco mais que lixo é modelo de propósito de vida, benção e promessas que a maioria das igrejas tem a oferecer hoje. Esse mal não estar presente apenas nos modelos de igreja, mas praticamente em todos os outros seguimentos em que se formem grupos sociais. Na política, nas empresas, nas universidades, nos regimentos militares e no modelo do comercio atual. Por trás da idéia de que se você mudar de funçao ganhará melhores salários, estar a idéia de que se você mudar de posição irá controlar um numero maior de pessoas e dependendo do tamanho de sua bondade ou maldade interior, com esse controle você poderá ter mais sexo grátis e sigiloso, mais dinheiro por desvio de verbas, mas favores ou imunidades judiciais e fiscais, mais influencia...A falsa idéia de poder controlar os outros predomina mais uma vez e faz desse objetivo a força motrix dos atuais núcleos sociais. Então vale tudo para se chegar ao topo: trapaça, mentiras, rasteiras, assassinatos, cumplicidade para o mal, corvadia e tudo que a inveja ou ganância possa produzir no mais oculto da alma humana.

Como peças de lego que se unem para surgir formas magníficas nas mãos de uma criança esperta, assim também poderiam ser os núcleos sociais. O que um não produz ou consome, deve ser negociado com as necessidades dos demais. Pessoas que moram em regiões quentes, terão dificuldade em produzir certos alimentos, mas podem muito bem produzir rebanhos que gerem pele ou lã para abastecer os que moram em regiões frias, mas que produziram alimentos em abundancia e não precisam de todo o estoque. Um cuidado do outro, um suprindo a necessidade do outro, um trabalhando para o bem estar de todos e em troca todos defenderão a todos quando necessário.

Há quem diga que jamais certas estruturas sociais possam ser desmanteladas para nascerem outras. Quem diz isso precisar pesquisar mais um pouco a historia. É possível que por trás dos novos modelos, o principio da ganância e da idéia de domínio prevaleça, mas todo modelo social pode e deve ser estudado para ser inserido algo melhor. Tudo reside apenas na estrutura de um pensamento. Um pensamento formado, quando r verbalizado, quando posto em pratica pode gerar fenômenos sociais como foram os da revolução industrial, da revolução francesa, da abolição da escravatura, de revoltas que culminaram com independências de alguns países , demitindo monarcas ou lideres religiosos que viviam apenas para sugar do povo sem lhes dar nada em troca, por um modelo mais justo até que outros parasitas se apossem depois desse novo modelo.

Voltando a questão dos modelos aplicados nas igrejas, umas das coisas que faz a estrutura ser o que é, é o medo da excomunhão. A igreja católica usou isso por mais de 1500 anos e conseguiu trazer em corda curta todos os súditos do reino. Primeiro construiu-se a idéia do inferno como hoje entendemos, depois ameaçou enviar para lá todos que se rebelassem contra o papa ou a igreja. Se rebelar, não era pegar em armas para enfrentar o poderio militar da igreja, ou depredar os belos templos construídos, mas rebelar-se era apenas questionar o papa ou qualquer um dos seus representantes da mais alta ou baixa hierarquia. Nada de perguntas, na de questionamento, na da instrospecçao interior. Apenas aceite, receba, e se conforme por ter a igreja e o santo padre como aquele que possibilita sua entrada ao paraíso, era o que se dizia nessa época. Ou seja: sem igreja, sem papa, sem padre não há salvação. Privatizar a salvação foi a idéia mais macabra já construída em todas as religiões. É incalculável o tamanho que esse mal trás a sanidade das pessoas. A igreja romana pode ser considerada mãe dessa idéia, a igreja evangélica por sua vez, querendo destronar a própria mãe, hoje de forma subentendida repassa isso diariamente a todos quantos tem acesso, por todos os meios de comunicação, dizendo indiretamente que sem igreja e sem pastor ninguém terá acesso ao divino. Entre as milhares de denominações existente hoje apenas no Brasil, cada membro trás em si, a estúpida certeza de que aquela denominação que ele freqüenta é a mais certa e mais agraciada por Deus e que para as outras, existe a possibilidade, mas para eles existe a certeza, mesmo vivendo uma vida dissoluta como boa parte vivem as escondidas.

A ameaça de excomunhão é um dos truques mais sujos que existe e é praticado diariamente nos grupos religiosos. Ela se disfarça de varias formas: de um comentário maldoso proferido ao seu respeito por um líder de forma indireta, até a exposição aberta de sua vida mediante o publico, juntando fatos isolados de sua historia como em uma cocha de retalhos, para mostrar aos demais, aquele cobertor de mentiras para denegrir sua imagem, te derrubar de uma posição prejudicial a liderança deles e provar que dali em diante, algo de errado que aconteça contigo, estar sendo o peso da mão de deus em sua vida por que você se rebelou contra o “ungido”. O simples fato de perguntar a liderança em que foi gasto certa doação entregue por alguém, o fato de perguntar por que um ou outro membro tem mais ou menos oportunidades que os demais, o fato de perguntar por que determinada região recebe mais atenção que outra, o fato de perguntar em que versículos bíblicos se baseiam certos pontos doutrinários e outras coisas bobas, são sinais explícitos de rebeldia contra a liderança e devem ser suprimidos e perseguidos. Uma nota baixa na escola, um problema em casa, um acidente na família mesmo sendo do parente da quinta geração, um desemprego repentino, uma unha quebrada....Tudo isso são sinais evidentes de que a “rebeldia” contra os ungidos serão cobradas pelo próprio Deus, e por isso os lideres fazem questões de citar e reprisar publicamente por centenas de vezes, até que fique claro aos demais que se rebelar é ato de suicídio.

O medo da excomunhão não é apenas coisa de gente de pouca cultura ou poder aquisitivo. Qualquer um que siga a risca o que dizem os lidere religiosos sem um questionamento moral a cerca do Deus proferido pode sofrer desse mal. No fim do século XI, Henrique IV, o imperador do Sacro Império Romano-Germanico, passou 3 dias na porta do Papa Gregório VII, implorando seu perdão e a garantia de salvação segundo a bênção do papa por ter desagrado ao santo padre em algo. Foram 3 dias no vento, chuva, frio e neve, como um mendigo, na porta do papa enquanto o mesmo fazia desdém do imperador. Aquela humilhação serviu apenas como força para tomar coragem e enfrentar o mesmo papa que lhe humilhou anos antes.

Ninguém dá o que não se tem. Comercializar o que não é seu, é crime. Vender algo que estar disponível a todos como sendo de uso particular também é crime. Se esses tais não construíram os céus, não pode proibir de ninguém entrar lá, pois ninguém manda no que não é dono, a menos que seja um impostor, farsante, 171. Se for verdade o que diz a respeito de Deus, Jesus ou salvação, mesmo na visão distorcida atual, ainda assim seria impossível concordar que um líder, ou uma igreja tem o poder de abrir ou vetar a entrada de alguém aos céus. Existem crenças que há mais de 1500 anos perduram na mente do povo, e mesmo sendo vencida, de tempos em tempos, alguém ressuscita essas crenças para beneficio próprio.

Membros ou obreiros que vêem na excomunhão um obstáculo a salvação estão desprezando a própria palavra que chamam de bíblia sagrada e estão colocando acima das escrituras falas dos seus lideres humanos. Uma leve mudança de atitude dos liderados forçara todo sistema a procurar a se reestruturar.

Há varias formas outras de torturar os insubmissos. Deixá-lo no canto é uma delas. Ficar sem oportunidade de cantar, pregar ou louvar é um martírio a muita gente. Veja que absurdo: as pessoas são ensinadas a trabalharem de graça, apenas para o conforto do líder, dar dinheiro, seu tempo, seu respeito, sua consideração, e quando tiram delas esse direito elas ficam moribundas devido as metas que foram ensinadas a correr atrás.

Recentemente soube de um caso de um conhecido, que fora punido injustamente, pois seu primo morando em outro estado, sendo da mesma igreja, fez uma pergunta ao seu pastor que o deixou desconcertado. Como punição, o pastor “ o deixou no canto” por vários meses aquele obreiro, e todo parente dele, mesmo os que moravam em outros estados da federação e pertencia ao mesmo ministério, foram também alfinetados ou tiveram uma fiscalização maior dos seus hábitos de leitura de livros e amizades fora do grupo, tudo feito pelos lideres e seu corpo de lacaios vigilantes e subserviente que almejam o poder.

Por nascermos em um país que se diz cristão, quanto mais tempo alguém passa dentro desses grupos, maior será o dano causado as suas almas, e mesmo estando fora deles, de vez em quando surge algum fantasma para assombrá-lo. É preciso tempo e estudo neutro de historia, filosofia, sociologia e antropologia para saber como tudo começou e como se livrar disso. No oriente, onde a igreja católica ou evangélica tem ou teve pouca influencia, as pessoas sofrem menos desse mal, salvo nos lugares em que o islã dominou, pois tem a mesma base que nossa cultura: o medo irracional do inferno e a subserviência silenciosa a toda liderança em troca de funções eclesiásticas ou promessa do paraíso.

É possível mesmo em nosso modelo de cristianismo, encontrar ou criar modelos mais sadios de comportamento para o grupo. O maior segredo para mudar esse modelo doentio, reside em não se vender por um tapinha nas costas ou promessas de ascensão advindas do seu superior. Que cada um ache em si a grandeza do próprio criador. No modelo atual adotado pelas igrejas, apenas 1 a cada 100 pessoas que realmente sonham em chegar ao topo da promessa revelada, realmente alcançam. Assim mesmo, a grande maioria não é por mérito, mas por obediência cega. Não há méritos nesse modelo. Boa comunicação, capacidade de seguir sem questionar, boa apresentação em publico, eloqüência, e fingimento são os caminhos para os que aspiram por posições nessas igrejas. É como o Big Brother da globo:Ganha o melhor jogador e não o mais certo, o mais justo ou o mais respeitável.

Nos modelos ensinados por cristo, nunca houve interesso em construções de mega estrutura física, nem que uma pessoa se se sobressai sobre os demais. No modelo ensinado por Ele, para se haver equilíbrio tem de se haver justiça e não há como ser justo quando se há favoritismo, quando seus interesses pessoais interferem nos seus julgamentos. Ser favorável a quem te promete algo não é ser justo, é ser ganancioso e trapaceiro. O que para Cristo seria vergonhoso, nos modelos atuais de liderança é motivo de aplauso.

Alguns tempos depois da morte de Cristo, ainda tendo como base distante o modelo judaico de hierarquia, percebe-se ainda assim, pouco interesse em ser servido e mais interesse em servir por parte dos que se alistavam ao ministério eclesiástico. Servir, completar um ao no partir do pão e na comunhão ( nas necessidades físicas e espirituais). Era assim o modelo inicial do corpo de obreiros. Carros luxuosos, casas deslumbrantes, amizades com autoridades políticas, domínio, poder sobre as massas, dinheiro, muito dinheiro...isso é o que busca e o que sustem o corpo de obreiros em grande parte das igrejas cristãs. Isso é o que disfarçadamente se planta no coração do aspirante a obreiro e chamam isso disfarçadamente como “chamada divina”.

Nas igrejas atuais, há pessoas que mesmo sendo vitimas de maus tratos visíveis ainda permanecem nesse ambientes, pois por gerações foram ensinadas a crer, que fora daquele ambiente não se encontra a porta dos céus e que os lideres religiosos são os unicos que tem o poder de abrir ou fechar tais caminhos ao paraíso. Quanto mais gente pensando assim, mais forte se torna a liderança. O modelo de igreja de Jesus era baseado na misericórdia, os dos nossos dias no oportunismo e na ingenuidade.

Em um país de maioria cristã, já disse mais de uma vez aqui, que não são nos ensinamentos de Cristo que se baseia a igreja, mas em dogmas que são construídos de acordo com a necessidade da época ou do líder que rege o corpo.

Quando o ensinamento de um mestre tiver mais peso que as instituições que o representam, uma mudança fabulosa ocorrerá no interior do discípulo e inflamará todos ao seu redor.

Escrito em 6 de Março de 2016

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 29/05/2016
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