Porção mórbida de amor

Dentro de mim os sentimentos borbulham,

tal qual um caldeirão efervecente

Onde a fórmula mágica é amor;

A cada mechida, as bolhas estouram

e você vai saindo de mim...

Ah! Se todos os amores fossem assim...

Tão verdadeiros, tão cheios de mim...

Ah! Se todos os encantos ao poeta pertencessem

Se o coração amante jamais morresse!...

Tomo um gole de todo esse mistério

O que sinto é mais que felicidade

Não existe dor, nem maldade, nem falsidade

Apenas a imensa necessidade de me embriagar!

Quanto puro amor existe agora dentro de mim

Quanto envolvimento com o mais puro sentimento

Com o mais desejado amar...

E tudo isso porque eu consegui suportar...

Suportei a espera, o abandono, a solidão

Que me fizeram forte como o mais aterrorizante trovão

monstro que eu enfrentava em noites solitárias

como se fosse tempestade vazia

enquanto tu rias e nada mais sentias

Tomo outro gole dessa fórmula encantada

Respiro fundo e sinto-me esvaziar da dor

vejo sair de minha alma tanta tristeza

dos ódios que senti por teu amor

Estou leve... é como se eu pudesse voar...

E tão leve estou que não posso mais parar

Quero chegar até as estrelas mais reluzentes

E te ver lá do alto... te colocar no pedestal,

como poeta amante que sou.

E me vou... e lá de cima te ilumino

e nessa hora teus olhos me encontram

sabem que é mais um poeta que se foi

deixou uma vida que o entorpeceu de amor

E não tem retorno... Você sabe bem

E me procura na terra e me encontra no céu

Diz que me ama enlouquecido, transtornado

Mas a viagem que fiz só deixou estragos

Rastros de pássaros apagados por um tornado

E o como seguir o vento?

Como comover o tempo?

Seu esforço é vão.

Você se enfraquece,

e contra o seu peito num abraço aperta

Dois corpos frios que padecem:

o meu corpo e o teu coração.