A dôr que passa é eterno retorno, alegria dos corvos aflitos
Primeiro a sua dôr é a de seu mundo só seu, vem assim e devagar se instala nas câmaras do coração que sabe e sente, poema de uma ferida que se torna sem fronteiras como a dôr que salienta sua humanidade dentro da alma, cansada como se deve por tanto embate. Em segundo é a flôr sem pétalas esperançosa do gemido silenciado, aquela voz amargante enebriada no rancor sofrido, a flora sem sensatez que devora a si mesmo quando morre um ente que amou. E de terceira vem a agonia lenta, limitada ao pesar de sentir-se enterrada vívida no terreno das aflições que machucam, a mais humana ou profunda de nossas temeridades, padecendo em lágrimas que não semeiam e lamento que flui das mais orgânicas falências da alma. Cuidar disso é tarefa de santos, sofredores, exilados, perdedores da vida e mulheres do mundo que estão em toda parte. E os homens também sofrem como isso como se perdessem as esperanças longe de suas mãos..
"A asa que se arranca em sangue dilacerado é diferente da asa mais antiga dentro dos seres, que se arranca em feridas sem fechar, este amargo íntimo que dói quando seu coração prefere o vôo da felicidade entre as ruínas"