O si bemol
Depois de muito tempo, olhou para o violão e notou uma fina camada de poeira no instrumento.
Com tristeza no olhar, pensou que era hora de tirá-lo da aposentadoria.
Sem muita inspiração e com dedos travados tocou a primeira melodia.
Já era uma velha amiga, não se fazia difícil e não demorou para que soasse como em outros tempos, mas já não era suficiente, pois o tempo passou e com ele se foi aquele jovem que se contentava com pouco.
Duas notas mais tarde, uma virada, os dedos começaram a se agilizar, a centelha da inspiração voltou a aparecer e com ela veio um novo brilho no olhar, uma nova melodia acabara de começar.
Quanta alegria de tocar, se encheu de energia o ar.
Percebeu que a familiaridade ainda estava lá, que o tom continuava o mesmo, que o ritmo era parte dele, então prometeu a si mesmo, que daquele dia em diante, nunca mais deixaria a poeira ganhar.